Teste 4: TAPETE PARA TOCA-DISCOS YELLOW BIRD DA HEXMAT

Teste 5: RECORD CLAMP MOLEKULA DA HEXMAT
maio 5, 2022
Teste 3: CABO DE FORÇA SUNRISE LAB QUINTESSENCE 20TH ANNIVERSARY
maio 5, 2022

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Confesso que nunca me interessei com afinco a tapetes de prato de toca discos, como me debrucei e investi tempo e dinheiro atrás de bons clamps.

Claro que tive tapetes distintos de borracha (geralmente os originais que vieram nos toca discos da Thorens), cortiça (nas experimentações feitas por amigos), feltro e, que eu me lembre, o mais recente foi o tapete da Origin Live que veio no toca-discos.

Até o nosso colaborador internacional, Tarso Calixto, me ligar e perguntar se eu teria interesse em testar os tapetes do sr. Zsolt Fajt, empresário de Budapeste que desenvolveu dois modelos de tapetes ‘revolucionários’, e que ele havia lido dois excelentes reviews a respeito dos benefícios dos mesmos colocados em bons toca-discos. Como o Tarso é um apaixonado por analógico, achei que deveria seguir sua dica e entrar em contato com a Hexmat, e solicitar o envio para teste de ambos os tapetes.

O que não esperava era estar no lugar certo e na hora apropriada, e junto com os dois tapetes a Hexmat nos enviou gentilmente seu primeiro clamp, que recebeu o interessante nome de Molekula (leia teste 5 nesta edição), e sua régua de ajuste de VTA-Azimuth e ONP que em breve será utilizada pelo nosso colaborador para o ajuste da cápsula ZYX Ultimate Astro, que está chegando para teste. E aí certamente pedirei ao Maltese que nos dê seu parecer sobre sua eficiência e precisão de ajustes tão determinantes para extrairmos o máximo de um setup analógico.

Mas, agora, voltemos ao tapete ‘Pássaro Amarelo’ (que sugestivo nome). Porém antes queria compartilhar com vocês um pouco da interessante trajetória de Zsolt Fajt, que nos conta que foi, como muitos de nós, influenciado pelo profundo conhecimento e amor do seu pai por sistemas de áudio de alta-fidelidade. Essa motivação levou-o a estudar engenharia, e acabou por escolher se tornar um engenheiro de gravação em Budapeste, possuindo na atualidade seu estúdio de gravação e mixagem.

Ele nos conta que, há cerca de 25 anos, comprou seu primeiro toca-discos, um Thorens TD 320 MkII, e começou a estudar como o toca disco se comportava em cada um de seus upgrades com braços e cápsulas. E lhe chamou atenção como os assobios dos sons eram gravados com ‘SH’, ‘S’, ‘TZ’, ‘CH’, variações na reprodução dos graves, instabilidade no foco e recorte do espaço, tolerância a baixo volume com frequências sumindo, e começou a desconfiar que alguns fenômenos não poderiam ser o conjunto braço/cápsula.

E, como engenheiro de gravação, ele sabia que existem regras que, quando seguidas ‘religiosamente’, permitem que o som seja estável também no disco analógico, o que o deixou ainda mais intrigado com os efeitos que escutava, independente da qualidade de gravação. Ele começou por estudar as vibrações geradas na sala de audição, com o aumento do volume em suas audições e, como essas vibrações passam por portas e janelas e toda essa energia volta em ondas para o próprio toca-discos, ao sair na velocidade do som, voltando com algum microssegundo de atraso, e se manifesta como distorção de fase, e que aumenta na mesma proporção que se aumenta o volume.

Consequentemente, o rastreamento da agulha fica mais impreciso no sulco do disco. Teoricamente, a regra utilizada é: à medida que o peso aumente, as vibrações do dispositivo são melhor absorvidas quando ouvimos música em nossos sistemas e por tanto a solução é utilizarmos plataformas pesadas, com pratos pesando quilos e mais quilos, como se precisássemos, para contornar os problema de vibração, grudar o disco no prato.

Porém, para Zsolt Fajt, essa abordagem estava equivocada e levando a deixar a reprodução analógica cada vez mais analítica e menos musical. E ele nos conta que, a partir desse insight, percebeu que que deveria trilhar um caminho oposto ao que todos seguiam. E ele começou a abordar o problema tentando diminuir o tamanho da superfície, se aproximando ao máximo do contato zero entre o disco e o prato.

A superfície de um prato, em contato direto com um LP, é de vários decímetros quadrados, mas com o seu tapete Hexmat esta superfície é próxima de zero, chegando a apenas 1-2 milímetros quadrados, deixando o LP quase que flutuando sobre o prato.

Mas faltava resolver uma outra questão: descobrir o material ideal de toda estrutura do tapete, para isolar as vibrações prejudiciais que voltam ao braço/cápsula e prato. O tapete isolador Hexmat (ambos os modelos), isolam essas vibrações, gerando total transferência de potência entre prato e disco, utilizando amortecimento colocado estrategicamente no tapete. O isolador em forma de pequenas esferas é um mecanismo de fixação, que separa o disco da massa do prato e permite que o vinil flua livre de qualquer vibração.

O resultado, segundo o fabricante, é um som mais preciso, transientes mais corretos, notas mais definidas e claras, mostrando detalhes das gravações até antes distorcidos ou mascarados.

Ainda, segundo o fabricante, medições instrumentais provam a eficiência do tapete/isolador melhorando em +0,2dB em média o controle do volume (relação sinal/ruido que sempre é muito mais crítica no analógico). Com isso também a dinâmica é favorecida.

Seus últimos quatro anos foram no aperfeiçoamento dos dois tapetes/isoladores e, agora, no recém lançado clamp. O tapete/isolador mais sofisticado, o Eclipse, publicarei minhas impressões junto com o segunda opinião do Tarso, na próxima edição.

Antes de descrever minhas impressões, gostaria de finalizar a ‘odisseia’ do sr. Zsolt Fajt, contando que ele construiu mais de 100 protótipos, com as mais incríveis e malucas composições de materiais, como: polímeros, madeiras estabilizadas, árvores tropicais, metais industriais, cerâmica, ouro, prata, cristais, pedras e revestimento diversos. E descobriu, antes de chegar ao material utilizado (e guardado a sete chaves), que a combinação de materiais tem um impacto dramático no som e, por isso, ele almeja no futuro lançar versões dos tapetes com materiais distintos, considerando essa primeira leva serem tapetes/isoladores de nível básico, para mostrar ao mundo que sua forma de abordar o problema das vibrações não está de maneira nenhuma errada – pelo contrário!

Assim que recebi os produtos, montei uma estratégia para entender e comparar o produto. Então peguei o ‘Pássaro Amarelo’, que é o mais barato, e o comparei com dois tapetes que tenho e utilizo: um de feltro antiestático, e o original da Origin Live que também é comercializado isoladamente e muito bem cotado no mercado, com benefícios citados em diversos fóruns internacionais.

E usei, nessa primeira fase de teste, para conhecer o tapete, apenas o clamp da Origin Live, já testado por mim na revista, e que desbancou meu Stillpoints, que foi meu clamp oficial por mais de uma década!

Escolhi dez LPs, e iniciei o teste. Felizmente a altura do tapete foi compatível com o dos outros dois tapetes, então não precisei reajustar o VTA, pois se precisasse seria um parto fazer o teste A x B. Assim que ouvi o primeiro LP, do grupo Shakti, tanto a voz dos percussionistas na primeira faixa, marcando a divisão das tablas, e a entrada das mesmas, já mostrou uma diferença considerável em termos de precisão, velocidade e componente harmônico. Permitindo um acompanhamento dessa introdução de maneira muito mais confortável.

Percebi ali que seria divertido o teste, e enviei uma mensagem para o nosso colaborador Christian Pruks, e perguntei se ele não gostaria de fazer uma Segunda Opinião em seu setup analógico – que é muito mais simples que o meu – e vermos se as mesmas melhorias ocorreriam em um setup mais simples.

Ele topou na hora!

As melhorias não são apenas pontuais – ao contrário: com o maior grau de inteligibilidade, com o descongestionamento alcançado, a música flui com maior precisão e folga. Este tapete/isolador faz literalmente uma ‘descompressão’ do que estava submerso em todas as gravações, isso pode ser bom e ruim (se tecnicamente a gravação for de baixa qualidade), mas depois de experimentar seu efeito nas medianas, boas e ótimas gravações, desculpe, mas não tem como voltar atrás.

O tapete antiestático de feltro não sobreviveu ao primeiro LP utilizado para o teste. O da Origin Live chegou ao terceiro round, até colocarmos as gravações mais complexas, como Sagração da Primavera de Stravinsky, ou a Sinfonia Fantástica de Berlioz.

Como brinco faz anos, com vocês leitores, foi o ‘Massacre da Serra Elétrica’ em gravações como esses dois exemplos – a sensação que nos passa é que a organização do acontecimento musical se ajusta de maneira que ouvimos mais extensão nas duas pontas, o foco e recorte dos solistas ganham aquele importante silêncio de fundo à sua volta, e o corpo dos naipes dos instrumentos se tornam sólidos em seus planos e muito mais verossímeis.

Os benefícios foram tão consistentes, que foi nesse momento que resolvi ver se seria possível extrair ainda mais deste tapete, trocando o clamp da Origin Live pelo Molekula da Hexmat. Aí a coisa se complicou de vez, tanto para os meus dois tapetes de referência, quanto para o meu clamp Origin Live (mas deixo os detalhes para o Teste 5, OK?).

CONCLUSÃO

Meu amigo, se você tem um bom toca-discos e deseja extrair o sumo de seu setup, sugiro que ouça os acessórios Hexmat. Eles não são apenas acessórios que pontualmente entrarão em seu sistema para lapidar um detalhe que falta. Eles são upgrades consistentes e valem tanto como fazer um upgrade caro na sua cápsula, braço ou pré de phono.

Altamente recomendado!

Um produto Estado da Arte sem dúvida alguma, e que estará entre os melhores de 2022!

Espero que algum distribuidor, ao ler esse teste, se anime em distribuir o produto no Brasil.


Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Quando nosso arguto e gaiteiro editor Fernando Andrette primeiro pôs o tapete Yellow Bird em seu toca-discos, logo me chamou, eufórico: “Você precisa ouvir isso! Aliás, vai escrever uma segunda opinião!”.

E, caros leitores, é um produto extraordinário! Se eu pudesse escolher, ele seria o ‘Produto do Ano com Selo do Assistente do Editor Adjunto Júnior’ rs…

EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

Analógico: Technics SL-Q303 Direct-Drive, com cápsulas Ortofon 2M Bronze, e Shure SC35C, ambas Moving Magnet MM. Amplificadores integrados: Emotiva BasX TA-100, e Aiyima A06, usando o pré de phono interno de ambos. Caixas acústicas: torres Elac Debut 2.0 F5.2. Cabos: Sunrise Lab.

QUAL É O EFEITO? QUAL É O RESULTADO?

Após fazer uma mudança de headshell, e mais alguns ajustes criativos para acertar a altura do VTA do braço, pus o Yellow Bird no toca-discos e, logo de cara, logo no primeiro disco: silêncio de fundo muito maior no acontecimento musical. Parece que antes havia uma ‘névoa’ interligando todos os músicos presentes. Houve também uma maior extensão nos graves e, claro, latentemente, os crescendos da macrodinâmica se tornaram muito melhores e mais naturais – e isso estou falando de um LP dos Poemas Sinfônicos do Liszt, regidos pelo holandês Bernard Haitink frente à Orquestra do Concertgebouw de Amsterdã (prensagem Philips nacional).

Porque são os discos nacionais, e principalmente aqueles comprimidos, e aqueles que não são de selos audiófilos ou com preocupações maiores com a qualidade de suas gravações, que são os que deixam a gente embasbacado – e feliz por poder voltar a ouvir alguns, e por poder ouvir vários com uma qualidade muito superior.

Claro que todos os discos com boas gravações são beneficiados, sejam eles prensagens japonesas, prensagens audiófilas ou séries especiais!

Ouvindo orquestra, por exemplo, o corpo nas cordas é muito superior, o palco fica mais largo e mais fundo, e há um grande aumento na ambiência. Refraseando, para que não haja má compreensão – e também porque a própria Hexmat ressalta esse fato: o tapete Yellow Bird não ‘inventa’ ou ‘fabrica’ informações que não estão na gravação, ele somente traz à tona aquilo que foi escondido até então pelos nossos setups analógicos.

O maior dos benefícios do Yellow Bird é a melhora na dinâmica – e essa não é uma questão de trazer visceralidade, e sim de aflorar uma dinâmica mais natural. Parece que o regente está regendo, e a orquestra tocando, em um dia melhor… Hehehe. A melhora na microdinâmica é também latente, vide o maior silêncio de fundo na reprodução, citado acima. Decaimentos dos pratos com esse tapete da Hexmat são outra história – mais presentes e naturais, no timbre, no corpo e textura.

Basicamente, antes do Yellow Bird, o disco era um. Agora é outro – como se fosse outra gravação. Até aparecem diferenças de intencionalidade – a orquestra parece mais cuidadosa. Traz harmônicos muito mais ricos, principalmente nos médios. A voz de David Gilmour em seu segundo disco solo, About Face, de 1984 (prensagem importada, mas super comprimida), na faixa menos comprimida do disco, ela está quase audiófila! Em uma outra faixa do mesmo disco, tem um piano que eu nem sabia que estava lá – até agora!

O disco seguinte foi uma prensagem importada atual de uma banda de rock independente, em 180g, mas com uma gravação que não tem absolutamente nenhuma pretensão audiófila, e que eu sei que foi prensada a partir de uma master digital (provavelmente em 16-bit/44 kHz). O resultado? Agora está parecendo que eu estou ouvindo analógico. Não é uma gravação sensacional, mas agora é decentemente boa.

Tem alguns discos nos quais fica claro a má microfonação e/ou excesso de compressão aplicada a apenas umas das pistas de uma gravação multipista – ou seja, mostra claramente que, em um rock ou pop, a guitarra tem uma compressão, e outros instrumentos outra compressão totalmente diferente. Esse é o nível de clareza que o Yellow Bird traz.

O tapete torna muito melhor e mais descongestionadas as gravações que já são, pelo menos razoáveis – gravações que já tem algum corpo. Mas e se a gravação é ruim mesmo, totalmente seca e desequilibrada, sem extensão principalmente embaixo? O Yellow Bird não faz milagres. Como ele ‘des-esconde’ a música que está lá gravada, discos realmente mal gravados ficam mais óbvios.

A seguir, fui ouvir o disco So, do inglês Peter Gabriel, de 1986, prensagem americana. A primeira faixa, Red Rain, que eu acho a melhor bateria que o Jerry Marotta já tocou na vida, com o tapete ficou um deleite, super detalhada em micro e macrodinâmica e intencionalidades. Esse disco é um caso clássico de disco de pop/rock da década de 80 que leva compressão demais.

E assim foram, sucessivamente, disco após disco. Já são mais de duas semanas ouvindo só analógico – recuperando discos que eu evitava ouvir – curtindo muito mais alguns que eu achava apenas decentes. E adorando muitas gravações e prensagens top que ocupam lugar de destaque em minha prateleira.

CONCLUSÃO

É o melhor upgrade que eu já fiz ou experimentei, para um setup analógico. Um upgrade que beneficia inequivocamente toca-discos que vão desde o Diamante Recomendado, até o Estado da Arte Superlativo.

Em muitos anos como hobista e profissional de setup de toca-discos de vinil, testei todos os tipos de tapetes para o prato em que eu consegui por minhas mãos, feitos de todos tipos de materiais, e algumas misturas deles – como vários tipos de borracha, vários tipos de cortiça, feltro natural e sintético, vários tipos e espessuras de couro, chumbo, EVA, etc e tal. Nenhum deles chegou no Yellow Bird.

As explicações técnicas para essa proeza, estão bem delineadas no texto do Fernando. E o resultado da solução tecnológica e longamente pensada pelos húngaros da Hexmat é tão diferente do resto, tão superlativo em seus aspectos qualitativos, que veio para ficar no meu toca-discos: agora é parte integral do meu sistema! Daqui não sai!

Certamente é um Estado da Arte!

ESTADODAARTE



Hexmat
info@hexmat.net
www.hexmat.net
€ 150

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