Teste 4: TAPETE PARA TOCA-DISCOS ECLIPSE DA HEXMAT

Espaço Aberto: COLECIONADOR OU OUVINTE?
junho 6, 2022
Teste 3: AMPLIFICADOR INTEGRADO CAMBRIDGE EVO 75
junho 6, 2022

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Se você tem preguiça de ler, dessa vez não haverá alternativa meu amigo.

Pois para você entender a ‘magnitude’ do resultado do tapete Eclipse da Hexmat, você terá que ler o teste publicado na edição do mês passado do tapete Yellow Bird, escrito a quatro mãos, e também do clamp Molekula, para compreender a ‘revolução’ que o sr Zsolt Fajt conseguiu com o seu conceito de desacoplamento do LP do prato do toca-discos!

Sem compreender o que está por trás dessa inovadora ideia, que vai na contramão de tudo que você e eu imaginávamos ser ‘consenso’ em termos de tapetes e clamps, não será possível acompanhar a descrição do que eu, e o nosso colaborador Tarso Calixto, ouvimos ao colocar o tapete Eclipse em nossos setups analógicos.

Pois se já havíamos ficado impressionados com as melhorias do Yellow Bird, o nível de performance no uso do Eclipse foi ainda mais contundente!

Segundo o fabricante, a superfície de contato deste novo tapete foi reduzida ainda mais entre o corpo do tapete e as esferas, para um controle ainda melhor de vibrações. Consequentemente, os planos de fundo (na microdinâmica e planos), são ainda mais transparentes que no Yellow Bird.

As esferas utilizadas no tapete Eclipse têm 15,3 mm de diâmetro, e são mais sofisticadas que as usadas no Yellow Bird. A espessura do tapete Eclipse é de 3 mm. O corpo do tapete é uma mistura de polímeros, extrudados de 2 mm, desenvolvido para aumentar drasticamente o coeficiente de amortecimento. Segundo o fabricante, essa mistura é proprietária da marca.

Após um longo processo de limpeza e polimento, as esferas são montadas manualmente nos orifícios com uma ferramenta projetada especificamente para esse processo.

O tapete vem embalado em um estojo para sua total proteção e transporte. Então não jogue fora essa embalagem, pois algum dia fatalmente será preciso transportar ou guardar o tapete.

Para sua manutenção, o fabricante aconselha o uso de um pano macio e úmido, para limpar, sempre com movimentos suaves.
Uma dúvida que alguns leitores levantaram em relação ao tapete Yellow Bird, é se necessariamente o único clamp a ser utilizado é o Molekula? Não, você pode usar até clamps pesados se desejar, mas aviso que o resultado será sempre inferior ao uso do Molekula.
Mas você pode usar qualquer clamp que tiver à mão, ou apreciar!

No teste do Eclipse utilizamos o mesmo setup do Yellow Bird, pois infelizmente a cápsula ZYX Ultimate Astro G, sofreu um atraso na produção e não chegou a tempo. Mas quando eu publicar o teste da ZYX, se houver algo de relevante em relação ao tapete e o clamp, certamente comentarei.

Novamente, para o teste do Eclipse, usamos os seguintes tapetes: o original da Origin Live, um de feltro antiestático, e o Yellow Bird. Os clamps foram: o Origin Live e o Hexmat Molekula.

A maior diferença em relação ao Yellow Bird é em relação à recuperação de detalhes, que é ainda mais impressionante. Mas ouvindo as mesmas gravações por diversas vezes, à medida que nos acostumamos com a maior inteligibilidade da microdinâmica e sua apresentação, pudemos observar que em gravações de maior qualidade técnica havia algo a mais em termos de apresentação de extensão, decaimento e ambiência.

E o equilíbrio tonal de todas as gravações se tornou ainda melhor. Consequentemente as texturas também foram favorecidas.

A sensação é que com o Eclipse, e o clamp Molekula, tudo fica mais uniformemente resolvido, seja em termos de planos, folga e conforto auditivo. Para ter certeza que de fato esse era o maior diferencial, fui buscar gravações de música instrumental brasileira dos anos oitenta, muitas tecnicamente limitadas, mas de altíssimo valor artístico, que provaram que a sensação de maior conforto auditivo era um fato irrefutável e totalmente audível.

Ouvindo com os outros tapetes (mesmo o Yellow Bird), as deficiências técnicas ainda sobressaíram, fazendo com que a atenção e acompanhamento fossem necessárias, para abstrairmos os defeitos e ouvir a música.

Discos do pianista Luiz Eça, do guitarrista Hélio Delmiro, que estão comigo há mais de quatro décadas, e sempre os escutei, independente do nível do meu setup analógico, ganharam finalmente um ‘alento’ com o tapete Eclipse, pois ele amenizou as deficiências técnicas o suficiente para eu poder apreciar apenas a música!

Animado fui buscar gravações do início do selo GRP e da ECM, muito mais bem gravadas, e descobrir o que o tapete Eclipse nos ‘revelaria’! Só posso dizer que foi um misto de surpresa e enorme alegria em ouvir gravações que conheço nota por nota, e ter a
sensação que estava ouvindo uma ‘remasterização’ feita com esmero e sem acrescentar nada ao original. Literalmente a sensação foi de se tirar uma névoa das gravações e deixá-las ali para serem apreciadas, com seus detalhes audivelmente mais presentes!

Se o uso do tapete Yellow Bird é semelhante a realizar um upgrade seguro, como subir um ou dois degraus na escolha de uma nova cápsula, o Eclipse é como realizar um salto significativo (daqueles que tanto desejamos e que financeiramente é sempre um entrave), para o topo final!

Pois o que o Eclipse proporciona a um excelente setup analógico, é fazer esse sistema extrair dos sulcos todas as informações existentes, sem colorir ou alterar o que foi captado, mixado e masterizado! Pois comparado aos tapetes que tenho, no mesmo setup, nenhum extraiu tanta informação e organizou tão plenamente o acontecimento musical como o Eclipse!

Para os amigos que ouviram, todos foram unânimes em concordar que o resultado se parece muito mais com um upgrade de cápsula, braço ou pré de phono, do que com a mudança de um tapete apenas!

E esse resultado é ‘potencializado’ com o uso do clamp Hexmat Molekula!

Então, meu amigo, se deseja extrair toda a beleza de seus discos, pense seriamente se não é mais interessante e menos dispendioso realizar primeiro esse upgrade, antes de trocar sua cápsula, braço ou pré de phono. Pois financeiramente é muito mais vantajoso, creia!

CONCLUSÃO

É impossível ficar sem este tapete Eclipse e o clamp Molekula, pois o resultado foi muito acima de qualquer acessório concorrente que tive ou testei. E olhe que estou faz tempo nessa estrada analógica.

E garanto, aos que nos leem, que em termos de acessórios jamais ouvi nada similar ao que essa dupla faz!

Certamente será Produto do Ano, receberá o Selo do Editor e recomendação do mais indicado acessório para sistemas analógicos definitivos!

Trata-se sem dúvida de um Estado da Arte de nível Superlativo!


Tarso Calixto
revista@clubedoaudio.com.br

Upgrade e teste. Repita.

Caros leitores e leitoras, na maioria de nossos encontros nessa publicação os artigos sempre remetem a algo que compartilhei anteriormente – não só porque estou constantemente aprendendo com esse nosso hobby, mas também para oferecer contexto no assunto discutido.

Neste artigo, compartilho minha experiência quando deparei com o tapete Hexmat Eclipse, e como este se tornou um componente imprescindível do sistema. O tema de aprendizado é sempre uma constante, e parte deste processo é cometer equívocos e aprender com estes. Há também o risco de ser afetado pelo Efeito Dunning-Kruger – no qual um indivíduo com experiência limitada sobre um certo assunto, conclui saber o suficiente sobre o dito assunto.

Na edição 274 afirmei com veemência sobre o toca-discos Storm da Acoustic Signature: “…não há a menor necessidade de usar dispositivos de afinação como tapetes de cortiça, clamps, e pesos estabilizadores de discos”. No que se refere aos clamps e estabilizadores, a afirmação logo caiu por água abaixo quando agreguei o Origin Live Gravity One (ed. 278) e depois o Hexmat Molekula (ed. 284) ao sistema. Especificamente a uso de tapetes em toca-discos, deixei claro na edição 274 que o original do Acoustic Signature era o suficiente e upgrades não eram necessários. Com o passar do tempo, e o lançamento de novos produtos, comecei a questionar se essas conclusões ainda eram válidas, principalmente visando a otimização do rendimento do sistema. Mal eu sabia o quanto estava equivocado!

Em 2021, me deparei com dois vídeos do Paul Rigby, do canal YouTube The Audiophile Man, no qual ele apresentou opções de tapetes para upgrades de baixo custo em toca-discos. Assisti com a suspeita que o conteúdo não apresentaria nada de meu interesse, afinal de contas minha conclusão era de que o tapete original era o acerto perfeito, e que upgrades eram desnecessários e isso ainda estava vigente na minha mente. Ao final do primeiro vídeo o Yellow Bird da Hexmat foi apresentado com comentários encorajadores – que foi inclusive avaliado na edição 284 pelo Fernando Andrette e pelo Christian Pruks. No segundo vídeo, o modelo mais elaborado da Hexmat foi apresentado, o Eclipse, que foi testado no toca-discos Origin Live Sovereign do Paul Rigby (toca-discos o qual também foi avaliado pelo Fernando Andrette na edição 273, com excelentes resultados. Nesse momento comecei a prestar mais atenção.

Com entusiasmo, encomendei uma unidade do produto e, ansiosamente, esperei a sua entrega. Ao receber, fiquei admirado com a construção e o uso de maquinário laser para cortar o estojo do tapete. O Hexmat Eclipse impressionou com a simplicidade, a elegância do design, e a engenharia empregada na construção do acessório. Finalmente, ao testar o tapete, me deparei com uma decepção: o som resultante soou ofuscado e retrocedido, pior do que quando usando o tapete original de couro do toca-discos. Fiquei tão desconcertado que cheguei até a escrever ao Paul para informar que o Hexmat não deu certo no meu sistema. Incrédulo, não entendi por que um produto tão bem cotado não melhorou o meu sistema. Desapontado, guardei o Hexmat Eclipse e continuei com minhas audições usando o tapete original.

Um detalhe importante que omiti da narrativa: a cápsula em uso era a mesma descrita na edição 274, a Benz-Micro Wood SL, a mesma utilizada no toca-discos Rega (ed. 262). O Juan Lourenço da Sunrise Lab já havia advertido que devido ao estado resolutivo do sistema, esta não estava mais acompanhando o restante dos componentes e deveria ser substituída. Resisti por meses a fazer um upgrade da, afinal de contas tive incríveis audições com esta excelente cápsula. Outro fator contribuinte para a minha resistência era a completa ausência de ideias de quais cápsulas deveriam ser consideradas como candidatas. Expandindo minhas consultas, incluí o André Maltese nas conversas com o Juan. Acabei decidindo na ZYX Ultimate Omega Gold (ed. 278). Os caros leitores e leitoras devem estar se perguntando: “Esse artigo é sobre o Hexmat Eclipse ou a cápsula da ZYX?” Não se preocupem, prometo que esse interlúdio fará sentido nos próximos parágrafos.

A instalação da ZYX tem quesitos completamente diferentes da Benz-Micro: fora com os parafusos de aço SoundSmith e o amortecedor da Origin Live, e entraram os parafusos de alumínio, de baixa massa, também da SoundSmith, e a cápsula diretamente em contato com o head-shell do braço. Depois da calibragem, veio o período de amaciamento de 100 horas! Ao passarem as primeiras vinte, comecei a notar artefatos que me incomodavam: as músicas tocavam com sibilância nas frequências médias e rispidez nas altas. Pensei comigo mesmo: “Paciência, vou ter que esperar as 100 horas passarem. Tudo ficará bem”. Depois de mais de 40 horas, comecei a me desesperar: a frustração era tanta que cheguei a considerar a instalar a Benz-Micro de volta ao sistema. Ao compartilhar tais frustrações com o Juan, ele sempre dizia: “Calma, daqui a pouco amacia e tudo vai se encaixar”.

Umas semanas depois, resolvi pôr a conversa em dia com o Fernando Andrette, que depois de pacientemente escutar minhas lamúrias sobre o Eclipse com a Benz-Micro, e o amaciamento da ZYX, me perguntou: “Você experimentou o Hexmat Eclipse com a ZYX?” Confuso respondi que não, e expliquei: “O tapete não funcionou no meu sistema”. Ele respondeu: “Mas agora você está com a ZYX e não mais a Benz-Micro, certo?”. Respondi que “sim” e retruquei: “E faz diferença? Se o Eclipse não funcionou com a Benz-Micro, não deveria funcionar com a ZYX. Certo?”. Com muito tato e calma, o Fernando disse: “Não há absolutos nesse hobby. Se o tapete não funcionou com a Benz-Micro, não significa necessariamente que não funcionará com a ZYX. Vá em frente! Experimente o Eclipse junto com a ZYX.”

Desesperançoso, esperei uns dias depois da conversa com Fernando, e resolvi realizar o experimento sugerido: retirei o tapete original do toca-discos e usei o Hexmat Eclipse. Usando o álbum Greensleeves do Shoji Yokouchi Trio, comecei a primeira audição. De início achei que o sistema estava desligado, apesar do toca-discos estar girando, eu não escutei a agulha na trilha inicial do disco. Quando a primeira faixa começou, fiquei chocado e estarrecido com a onda de sônica que me atingiu a tal ponto que tive que recomeçar tudo novamente: retornei a agulha ao começo do disco para escutar a faixa! O choque sônico não foi devido ao volume mais alto, ou colorização da tonalidade, mas foi o tremendo aumento do corpo harmônico da gama de frequências, associado com um assombroso silêncio de fundo: o tapete Hexmat Eclipse foi criado para exercer o controle do ruído de superfície do disco e a vibrações espúrias e indesejadas, dispersadas nos componentes do toca-discos, principalmente no prato.

Nos meses seguintes escutei vários álbuns, alguns de referência, como o Swing Sessions do Eiji Kitamura, e outros desconhecidos como o Crown do Eric Gales, o The Blues is Alive and Well do Buddy Guy, TajMo do Taj Mahal, o Mari Nakamoto III da Mari Nakamoto, e o Silver Lining Suite da Hiromi Uehara. Todos os álbuns com diferentes graus de gravação e fidelidade. O Elipse habilita a recuperação da informação musical do disco com resultados impressionantes: o já mencionado corpo harmônico, dinâmica das frequências, e silêncio de fundo proporcionando uma grande naturalidade ao acontecimento musical. Desde então, o Hexmat Eclipse faz parte essencial do sistema.

Os caros leitores e leitoras devem se perguntar então: “O que aconteceu quando o Eclipse foi testado com a Benz-Micro? E, porquê o resultado foi diferente com a ZYX?”. A resposta abrange vários aspectos, tanto do hobista, quanto do sistema: primeiramente, é importante a conscientização de que não há absolutos, devemos sempre estar abertos a aprender e reaprender com resultados negativos e positivos durante a realização de experimentos. Em segundo lugar, a razão plausível pela qual a combinação com a Benz-Micro não produziu um resultado positivo, não foi devido ao Hexmat Eclipse, mas sim devido à minha falta de imaginação em integrar a cápsula, com o toca-discos, e o tapete. Isso quer dizer que se a leitora e o leitor tiverem exatamente os mesmos componentes, o mesmo resultado negativo ocorra? Talvez, mas certamente não é uma garantia: o resultado é relativo.

E quanto à associação com a ZYX? O resultado será positivo? É possível e bem mais provável: o Hexmat Eclipse foi testado em diversos sistemas, com diferentes configurações, em vários países, com diferentes malhas elétricas, diferentes condições atmosféricas de temperatura e humidade, e ouvintes com diferentes experiências no hobby. Todos os resultados foram superlativamente positivos: o produto elevou a fidelidade de todos os sistemas.

Ora, o que foi que aconteceu, então? A Benz-Micro talvez funcione no seu sistema, mas com a ZYX a probabilidade é maior? Sempre usando o Hexmat Eclipse? Qual é a conclusão que devemos tirar dessa narrativa? Vou tentar articular: quando executando um upgrade sempre teste os resultados com os componentes. Mesmo que o resultado seja negativo, evite engavetar as conclusões e encerrar o experimento classificando o produto agregado ao sistema como ‘ruim’ ou ‘bom’. Quando mudar a cadeia de componentes, teste tudo de novo! A recombinação provavelmente resultará em outra experiência.

O meu equívoco foi achar que ambos resultados seriam iguais quando usando o dispositivo – o que provou não ser verdade. Não há dúvida que o produto é um incrível upgrade, recomendável a todos hobistas. O Hexmat Eclipse combinou perfeitamente com o toca-discos, uma vez que a ZYX foi agregada ao sistema. A segunda parte da lição, e mais significativa, foi que fui eu quem possivelmente cometeu algum engano durante a instalação da Benz-Micro. E, quando repeti os passos na instalação da ZYX, talvez o mesmo não tenha ocorrido. Logo, quando algo adverso acontece, desconfie inicialmente de si mesmo e não dos produtos agregados ao sistema. Se possível, contrate especialistas para ajudar com a instalação, configuração, e calibragem dos componentes.

O mantra, quando realizando upgrades, é: faça o upgrade, e teste o upgrade. Repita o experimento. E quando o resultado não for satisfatório, pergunte-se sobre os equívocos que você poderia ter cometido, e depois siga com a verificação do sistema. Agindo dessa forma, reduzimos o estresse e as frustrações, aprendemos com nossos equívocos, melhoramos o rendimento do sistema, e extraímos ainda mais prazer durante as audições.

Quero agradecer a paciência e a oportunidade de compartilhar essa saga com as leitoras e leitores. Desejo a todos audições repletas de diversão e prazer.

Sistema:

  • Toca-discos: Acoustic Signature Storm 2018
  • Braço: Origin Live Illustrious com cabo Silver Hybrid
  • Cápsula: ZYX Ultimate Omega Gold
  • Pré de phono: Sunrise Lab Limited Edition
  • Amplificação: Sunrise Lab V8 Signature Edition
  • Caixas acústicas: Dynaudio Contour 60i
  • Cabo de força, caixas, e interconexão RCA: Sunrise Lab Quintessence

Referências:

ESTADO DA ARTE SUPERLATIVO



Hexmat
info@hexmat.net
www.hexmat.net
€ 280

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