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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Foi uma grata surpresa poder por quatro semanas, desfrutar da companhia do DAC Rossini da dCS, no momento em que também chegavam para serem amaciados os monoblocos da Audio Research: os imponentes M160. Receber, ao mesmo tempo, ‘iguarias’ tão refinadas, em tempos ainda de ‘vacas magras’, é para realmente serem apreciadas em toda sua totalidade.

Como me preocupo com a enorme legião de novos leitores (que não para de crescer a cada mês), sugiro que leiam também o Teste do CD-Player Rossini, publicado na edição Melhores do Ano 2016 (edição 226).

A linha Rossini agora é composta do CD-Player, do DAC/Clock, e de um Transporte oferecendo ao usuário a escolha de ficar com o CD-Player ou optar por Transporte e Conversor separados. No teste do CD-Player Rossini, escrevi que ele possuía o mesmo ‘DNA’ do top de linha da empresa, o sistema Vivaldi. Para que o amigo leitor entenda o que eu quis dizer, terei que voltar um pouco no tempo e detalhar a assinatura sônica do sistema Scarlatti em relação ao sistema Vivaldi, para que não paire dúvida em relação às minhas observações.

Utilizo, em nosso sistema de referência, produtos da dCS desde 2004. Minha primeira aquisição foi o CD-Player Puccini, depois realizei o primeiro upgrade com a aquisição de seu clock externo. Tive por um curto período os Paganinis, para depois saltar para o sistema Scarlatti, no qual estou até hoje (já são quase 7 anos… como o tempo voa!). Diria, sem pestanejar, que o Scarlatti foi por muito tempo a obra prima da dCS, até que seus engenheiros subiram mais alguns degraus com seu DAC Ring proprietário, e criaram o sistema Vivaldi.

Convivendo por tantos anos com os produtos dCS, e sabendo das diferenças significativas, mas, ainda pontuais, entre o Paganini e o Scarlatti, cheguei a duvidar o que os reviews internacionais citavam em um teste AxB entre Scarlatti e Vivaldi. Achei sinceramente que, talvez, houvesse um pouco de ‘empolgação’ pela beleza do design e do acabamento estonteantes do Vivaldi, e que a beleza estivesse ‘contaminando’ as observações auditivas!

Ledo engano. Ao ficar uma semana com o sistema Vivaldi em nossa sala de testes (gentileza de um amigo/leitor que estava em processo de acabamento em sua sala dedicada), vi e ouvi que as diferenças entre a nossa referência digital e o Vivaldi eram significativas! Mas, o que mais me encantou foi exatamente o grau de naturalidade e folga com que o Vivaldi resolve todas as macro-dinâmicas.

Gravações em que o meu Scarlatti quase dobra os joelhos e joga a toalha, o Vivaldi resolve com um sorriso no rosto. Com tamanho conforto auditivo, você pode literalmente escutar (se seu sistema permitir) as gravações no limite de volume em que foram mixadas. E esta possibilidade, depois do vigésimo disco, se torna simplesmente um vício em que você não quer mais abrir mão.

Resignado, após uma semana em que escutei mais de 300 discos, entreguei o equipamento a quem de direito pertencia e passei quase uma semana só escutando analógico, para não me frustrar com a vertiginosa queda que seria voltar ao meu Scarlatti.

Assim, como dizem que o que não se vê o coração não sente, as obrigações em testar os produtos que chegam a toda semana, me fizeram ligar meu sistema digital de referência e voltar a vida normal. Mas, sempre com aquela ideia fixa na cabeça: “a dCS não poderia utilizar um pouco de todos os filtros personalizados, algoritmos de mapeamento personalizados selecionáveis, e suas constantes atualizações de software e firmware, e criar um sistema mais acessível? Então imagine minha alegria quando recebi para teste o CD-Player Rossini!

Ainda que, na época, estivesse atolado de testes e com o fechamento da edição melhores do ano, abri o Rossini assim que a transportadora chegou e liguei-o imediatamente. Parecia uma criança ao abrir na noite de natal seu presente desejado por 11 meses! Minhas observações estão lá para quem desejar ler.

Gostei muito do Rossini, percebi a mesma folga que tanto admirei no sistema Vivaldi, porém (sempre um, porém), a energia distribuída com enorme autoridade nas passagens macro dinâmicas não estava lá! Perdendo até para o Scarlatti neste quesito. Fiquei por semanas pensando a respeito, e minha conclusão é que o pacote só poderia ser entregue em um sistema Rossini e não em um CD-Player.

Como gosto de acompanhar tudo que a imprensa internacional solta, li que o clock externo do CD-Player Rossini fez maravilhas justamente aonde achei que o CD Rossini ficou aquém do Scarlatti. Melhor silêncio de fundo, maior micro-dinâmica e mais degraus entre o forte e o fortíssimo. Uma luz novamente se acendeu em minha mente: e se…

E, finalmente, parte dessas elucubrações foram desvendadas, agora que tive a oportunidade de receber o DAC Rossini para teste. Com a última atualização, 2.0, do meu sistema Scarlatti, no modo dual AES/EBU pude usufruir no DAC Rossini de pegar o sinal PCM e transformar em DSD. E também pude utilizar o DAC Rossini ligado ao transporte Scarlatti e o clock Scarlatti, e comparar com o DAC Scarlatti por quatro semanas, e tirar todas as dúvidas e obter as respostas que aguardo a tanto tempo.

Mas, antes, vamos a uma descrição do que o DAC Rossini permite. O Rossini possui seis filtros PCM dCS, um filtro MQA e quatro filtros DSD – tudo projetado pela própria dCS. O filtro dCS M1 MQA, segundo o fabricante, atende integralmente todos os 16 coeficientes de filtro MQA possíveis, sem ter adaptação para compensar limitações ou erros do conversor D/A.

Ainda segundo os engenheiros da dCS, há dois aspectos na implementação MQA do dCS que são diferentes dos outros fabricantes. Se a codificação do MQA estiver ativada, todo o áudio passa pelo filtro MQA. No Rossini todos os outros dispositivos dCS (o DAC ou o streamer) determinam se uma música codificada com MQA está sendo reproduzida antes de aplicar o filtro.

Os engenheiros depois de longos testes auditivos, optaram por dar ao usuário do Rossini a possibilidade de selecionar filtros tradicionais da dCS quando ouvindo material MQA, dando ao usuário flexibilidade na escolha de qual filtro usar.

Os controles e todos os recursos do Rossini (incluindo a seleção de filtros) pode ser feito através de aplicativos dCS iOS, e este aplicativo permite que o usuário reproduza músicas de um servidor UPnP/DLNA, do Tidal ou mesmo de um pendrive conectado diretamente ao Rossini. E, para os que desejam total flexibilização, também é possível a reprodução via AirPlay e de Spotify.

As saídas analógicas do Rossini podem ser configuradas em 2V ou 6V. Eu sempre usei 6V em todos os meus dCS.

Para o teste ouvimos o transporte Scarlatti ligado em dual AES/EBU com os cabos digitais Transparent Audio Reference XL, e em uma entrada AES/EBU ligado pelo nosso cabo de referência Crystal Cable Absolute Dream.

O Heber me fez a s honras de apresentar o DAC Rossini no showroom da Ferrari tocando streaming, e foi uma das poucas vezes que comprei a ideia de até em um futuro (espero longínquo), ouvir música nesta plataforma. Claro que a praticidade é um gol de placa, afinal ter toda sua discoteca à mão, a um toque, tem um ar mágico. Mas eu sou de uma geração analógica que, a cada 20 minutos, sempre teve que se levantar para trocar o disco ou virá-lo de lado. Então levantar para trocar de CD, após uma hora de audição (ou quase isto), me parece extremamente bom para a saúde!

Os DACs melhoraram muito, certamente. A qualidade do download de alta resolução que podemos comprar também é uma mão na roda, e o Rossini se mostrou pronto a esta nova era com todo tipo de entrada digital, para atender a todas estas novas plataformas.

No entanto, meu amigo, se você ouvir um CD em Dual AES/EBU neste Rossini, o senhor entenderá onde se encontra a mais bela resolução possível de uma mídia que parece estar também em extinção! A possibilidade de você extrair o sumo do sumo de seus CDs favoritos nesta máquina é de nos fazer soltar aquele suspiro de integral satisfação e reconhecimento daquilo que os discos PCM 16/44 escondiam em suas entranhas. Falo de maior espacialidade entre os instrumentos, holografia 3D, silêncio de fundo e, principalmente, naturalidade dos timbres e vozes, e musicalidade.

É como viajar para o futuro mantendo-se no presente, apenas sua audição e seu cérebro viajam, para descobrir que todos seus CDs tinham algo a ser ouvido, tinham respostas a muitas passagens que soavam opacas ou com baixa inteligibilidade. A beleza e magia do Vivaldi se fazem presentes no DAC Rossini muito mais que no CD-Player Rossini, dando a possibilidade do consumidor ter muitas das características do Vivaldi em um pacote mais realista e condizente com nossa realidade.

DAC Scarlatti x DAC Rossini

Com a atualização 2.0 também do meu DAC, a comparação ficou muito mais honesta e verossímil em termos de observações.

A sensação, depois de uma semana inteira debruçado neste comparativo, deixou claro que a evolução alcançada pela dCS refinou a assinatura sônica desta nova geração a tal ponto que determinados quesitos ficam difíceis de serem comparados. Ainda que estejamos escutando pequenos grupos com sutis variações dinâmicas, no DAC Rossini a música sempre soa de forma mais organizada entre as caixas, com mais planos, mais silêncio entre os instrumentos e entre as notas, possibilitando um grau de imersão e inteligibilidade muito maiores.

O DAC Scarlatti, ainda (na minha opinião) só ganha no item microdinâmica. E mesmo assim em gravações de muita excelência técnica. O Scarlatti parece sempre à postos, para não vacilar quando for preciso. Nunca relaxa totalmente. Já o Rossini é o oposto: está sempre tranquilo, só colocando as garras de fora quando exigido.

Para quem sempre reclamou do ‘som digital’, esta ‘fórmula’ de inteligibilidade com total folga e naturalidade, põe por terra esta questão em definitivo.

Outra grande diferença entre os DACs foi o corpo harmônico, e a qualidade do foco e recorte dos instrumentos solistas. Neste quesito encontra-se a prova da grande evolução desta nova geração, em mostrar os instrumentos (quando corretamente captados) em seu tamanho real, com total precisão de espaço. A música se materializa à nossa frente, sem esforço e sem a sensação de reprodução eletrônica.

Outro grande avanço é que podemos, na calada da noite, escutar nossos discos em volumes realmente reduzidos sem perder o prazer e o perfeito equilíbrio tonal. Tudo estará exatamente no lugar, esteja em volume moderado ou no volume próximo da gravação.

E, por fim, a musicalidade do DAC Rossini é mais envolvente, quente, sedutora que no DAC Scarlatti, nos fazendo imediatamente lembrar do sistema Vivaldi.

CONCLUSÃO

O avanço no digital é cada vez maior e mais preciso. Lamento apenas que, justamente agora em que o digital atinge sua maturidade, as mídias físicas estejam a desaparecer. Me desculpem todos os que defendem as mídias virtuais, mas a comparação ainda não é possível – a diferença ainda é totalmente audível em um sistema digital deste nível.

E para os que desejam um sistema Estado de Arte deste nível, subjugar ou abandonar a mídia física será um erro tão grande quanto ter vendido sua coleção de LPs a preço de banana!

O DAC Rossini pertence a esta seleta geração de digitais que atingiram um grau de refinamento que permite a todos os apaixonados por música desfrutarem de seus discos com um prazer inimaginável cinco anos atrás!

Se este é seu objetivo, amigo leitor, de chegar ao nirvana sonoro, e redescobrir todos os seus CDs, sem nenhuma exceção, ouça o sistema digital com o DAC Rossini em sua sala e descubra o que significa a plenitude em inteligibilidade e a ausência total de fadiga auditiva!

E para aqueles que já estão na nova onda de streamer, um produto que atende a todos os seus anseios com enorme competência e qualidade sonora.


Pontos positivos

Um DAC Estado da Arte, compatível com todas as mídias disponíveis em estéreo.

Pontos negativos

O preço, sempre a pedra no sapato.





ESPECIFICAÇÕES
TipoUpsampling Network DAC.
CorPrata ou preto.
Tipo de conversorTopologia Ring DACTM proprietária da dCS.
Entradas digitaisInterface de rede RJ45 (UPnP assíncrona até 24-bit/384 k nativo, DSD/64 & DSD/128), USB 2.0 com conector B-type (modo assíncrono até PCM 24-bit/384 k e DSD/64 & DSD/128 via DoP), USB-on-the-go com conector type-A (stream assíncrono de pendrive ou hard-disk externo USB até 24-bit/384 k e DSD/64 & DSD/128), 2x AES/EBU com conectores XLR (PCM até 24-bit/192k e DSD/64 – ou usado em par indo até PCM 384kS/s, DSD/64 & DSD/128 ou DSD ‘dCS-encrypted’), 2x SPDIF (RCA e BNC aceitando PCM 24-bit/192 k ou DSD/64 in formato DoP), 1x ótico Toslink (PCM até 24-bit/96 k).
Saídas analógicas2V ou 6V de nível de saída configurável, balanceadas e RCA
Entrada / Saída de Clock2x conectores BNC (clock de 44.1, 48, 88.2, 96, 176.4 ou 192 kHz)
Ruído residualEm 24-bit: melhor que -113 dB0 (20 Hz – 20 kHz – 6V output setting)
CrosstalkMelhor que -115 dB0
(20 Hz – 20 kHz)
Respostas expuriasMelhor que -105 dB0
(20 Hz – 20 kHz)
FiltrosModo PCM: 6 filtros variando entre rejeição de imagem Nyquist e resposta de fase
Modo DSD: 4 filters que progressivamente reduzem o nível de ruído fora da banda audível
UpsamplingDXD como padrão, e DSD opcional
Atualizações de softwareAtravés de mídia CD-R, ou através do app dCS Rossini
Controle localApp dCS Rossini, interface RS232 (para automação), controle remoto infravermelho opcional
Fonte de alimentação100, 115/120, 220 ou 230/240 V AC em 50-60 Hz (configurado de fábrica)
Consumo23 W (28 W máximo)
Sistemas operacionaisWindows Vista, 7, 8.1, 10. Mac OSX 10.10. (driver dCS USB é necessário para Windows para modo Audio Class 2
Dimensões (L x A x P)444 x 125 x 435 mm
Peso15.6 kg

DAC dCS ROSSINI
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 12,0
Textura 13,0
Transientes 12,0
Dinâmica 13,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 13,0
Total 100,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
Teste 1: DAC dCS ROSSINI



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