Teste 1: CAIXAS ACÚSTICAS ESTELON YB MKII

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dezembro 15, 2021

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Minha curiosidade em ouvir a Estelon YB MKII, só aumentou quando me despedi da Estelon Diamond XB MKII (leia teste na edição 279) e percebi que seria interessante ver como uma caixa de valor mais acessível, e com outra topologia e falantes, se comportaria em termos de assinatura sônica, e se teria o mesmo ‘apelo emocional e sonoro’ tão característico da série acima.

E, claro, poder tirar a dúvida se uma Estelon selada (suspensão acústica) teria semelhanças na reprodução dos graves com uma bass-reflex (XB Diamond). Não me lembro de cabeça de outro fabricante de caixas Estado da Arte que utilize com maestria duas topologias tão distintas, o que só aguçou ainda mais minha curiosidade.

Eu não ouvi as versões anteriores das caixas Estelon, e o máximo de informação que consegui foi lendo os reviews feitos antes do lançamento da geração MKII em comemoração aos dez anos da empresa. Mas, pelo que li, a Estelon YB MKII sofreu muito mais alterações até que a linha Diamond, o que a colocou em um novo patamar de performance.

O modelo original YB não utilizava o mesmo composto das séries acima, à base de mármore moído, e possuía um outro crossover e outro cabeamento. O que não foi alterado para a nova série foi o desenho assimétrico do gabinete, e a colocação dos falantes para minimizar os reflexos internos e em relação ao seu posicionamento na sala de audição.

Ao receber a caixa, a primeira impressão visual que me veio à mente é que a YB MKII é uma versão miniatura da Forza (modelo acima da linha Diamond) e, como a Forza, possui um acabamento e formas que certamente agradam ainda mais aos olhos que a linha X Diamond.

A YB MKII foi uma unanimidade em termos de beleza e requinte a todos que tiveram a oportunidade de vê-la em nossa sala (ao contrário da XB Diamond, que teve resistência ao seu visual). Suas formas são mais harmoniosas e as soluções encontradas para deixá-la mais slim, foi inclinar o woofer bem rente ao chão de maneira que a caixa pode ser colocada perto das paredes laterais sem ter problemas de reflexão ou coloração.

Para baratear os custos, a YB MKII utiliza um woofer de 8 polegadas da SEAS com cone de alumínio, um falante de médio de 5,8 polegadas da Scanspeak com o famoso cone de papel deste fabricante, da série Revelator, e um tweeter de 1 polegada também Scanspeak de cúpula de berílio, da série Illuminator. A fiação interna é agora a mesma utilizada na série Diamond, da Kubala-Sosna.
A resposta de frequência, segundo o fabricante, é de 30 Hz a 40 kHz, potência nominal de 150 Watts, impedância nominal de
6 Ohms, sensibilidade de 86 dB (2,83V), gabinete de composto de mármore, e peso de 45 Kg. Com altura de 1,260 mm, largura
332 mm e profundidade (na base) de 394 mm.

O fabricante recomenda seu uso em salas no mínimo de 16 metros e máximo de 45 metros quadrados.

Ela também vem em um excelente Case profissional com rodas, para facilitar o manuseio. Mas a caixa, ao contrário da XB Diamond MKII, não sai do Case com rodas para facilitar seu manuseio e posicionamento, vindo com pés de borracha, que devem ser trocados pelos spikes assim que for determinada sua posição final.

Eu sugiro fazer à dois a retirada da caixa do Case, e fazê-lo com as luvas que vem com a caixa. E nada de relógio no pulso, fivelas, ou material que possa marcar seu acabamento deslumbrante!

Para o teste, o arsenal de eletrônicos foi grande. Amplificadores integrados: Mark Levinson No.5802 (leia teste na edição de março/2022), Shuguang Audio modelo SG-845-7G (leia teste na edição de abril/2022), Boulder 866 (leia teste na edição recente de Melhores do Ano). Powers: Nagra HD (leia teste edição de abril/2022), Nagra Classic. Pré-amplificador: Nagra Preamp. Fonte digital: Nagra TUBE DAC com Transporte Nagra. Sistema analógico: prés de phono Gold Note PH-1000, e PH-10 com PSU-10 (leia teste 2 nesta edição), cápsulas Hana Umami Red Umami e ZYX Ultimate Omega G, braço Origin Live Enterprise C MK4, e toca-discos Origin Live Sovereign MK4. Cabos de caixa: Dynamique Audio Apex. Cabos de interconexão: Dynamique Audio Apex, Sunrise Lab Quintessence Aniversário. Cabos de força: Kubala-Sosna Revelation (leia teste edição de maio próximo), Sunrise Lab Quintessence Aniversário, Transparent Audio Opus G5 e PowerLink MM2. Caixa de referência: Wilson Audio Sasha DAW.

Como veio na sequência da XB Diamond MKII, foi embalar essa e já colocar para amaciamento a YB MKII. E deixar ela ligada ao Mark Levinson, que também estava em fase de amaciamento. Mas, antes disso, fiz nossa Primeira Impressão (sempre com os discos gravados por nós e meia dúzia de LPs que utilizo há anos para esse primeiro contato).

E ainda que o primeiro impacto tenha sido bastante diferente em relação à XB Diamond MKII em termos de deslocamento de ar, extensão nas duas pontas e equilíbrio tonal, gostei da sua apresentação de foco, recorte e planos, e ela se mostrou muito mais fácil de posicionar do que a XB Diamond.

A YB MKII precisa de muito mais que 150 horas iniciais para se ajustar e começar a dar o seu melhor. Ainda que se possa ouvir o processo de amaciamento desde o começo, haverá gravações que incomodarão e outras que serão uma verdadeira ‘pêra doce’. Aos apressados eu aconselho: calma, muita calma. Pois, do contrário, haverá o risco de se cometer erros na sua avaliação final!

Vamos aos cuidados necessários: eu já testei caixas que mudaram sua posição na sala algumas vezes, mas nem a Boenicke W8 (que também possui um woofer lateral) eu tive que diversas vezes reposicionar o woofer hora virados para dentro, hora para fora, como tive que fazer com essa Estelon! Para ser exato, alterei, até o término do amaciamento, sete vezes a posição. Pois quando achava que havia chegado ao ideal, ao mudar a posição da caixa em relação às paredes, uma nova rodada de escolha, ocorria.

Mas isso não tem nada a ver com exigência da caixa em relação a sala, e sim em esperar o término total do amaciamento do woofer, que realmente demora (só não é mais longo do que o do tweeter de berílio, rs).

Para o amigo leitor ter uma ideia, com 300 horas é que finalmente o equilíbrio tonal se encaixou para não sofrer mais nenhuma alteração, e podermos (finalmente) deixar os woofers apontados para as paredes laterais e não para o centro entre as caixas. Mas isso foi em nossa sala, em que qualquer caixa tem espaço suficiente à sua volta para respirar.

Então, em salas menores, com acústicas diferentes, será preciso paciência para esperar os woofers se soltarem totalmente, para definir a posição dos woofers.

Outra característica muito interessante é a possibilidade (depois de inteiramente amaciada) de se ajustar o foco, recorte e planos milimetricamente. Se o ouvinte for um apaixonado por música clássica, ele poderá ajustar a Estelon para se extrair o supra sumo em planos (tanto na profundidade, como na largura e altura), e definir com precisão o foco e recorte.

Essa característica tão interessante a XB Diamond também apresentou – mas a YB me pareceu ainda mais cirúrgica nesse quesito. Ao ponto de a caixa sumir ‘literalmente’ na sala, e a música ser recriada em sua integridade!

E aí chegamos ao DNA sonoro da Estelon, que tanto me impressionou na XB Diamond. A capacidade de deixar a música fluir à sua frente como se não fosse reprodução eletrônica. Enganando seu cérebro e o convidando a profundas imersões a cada disco ouvido.
Claro que a YB MKII não chega ao mesmo grau de refinamento e intencionalidade que a linha Diamond, mas ela o faz com tanta segurança e um caráter sônico tão bem estabelecido, que o efeito de ‘magia’ é muito semelhante ao da série acima.

Os graves são simplesmente os melhores que ouvi em caixas seladas (independe do preço), o que me leva a crer que a Forza supere a linha Diamond (bass-reflex) tanto em deslocamento de ar, quanto em precisão e velocidade (dúvida que só esclarecerei se um dia tiver a oportunidade de testá-la).

A YB MKII não soa como uma caixa selada ‘convencional’, pois os graves possuem definição, peso e sobretudo velocidade e energia, para nos fazer perguntar o motivo de outras caixas seladas não soarem assim nos graves! E olhe que nossa Sala de Referência está acima das medidas sugeridas pelo fabricante.

À princípio (na fase de amaciamento), achei que para se ter mais energia nos graves a posição ideal delas seria com eles voltados para dentro, pois na fase final de amaciamento (mais de 200 horas), foi nessa posição que muitas vezes me vi balançando a cabeça com a sua resposta nas baixas frequências e sua autoridade.

Mas, à medida que o amaciamento chegou às 280 horas, ficou claro que na reprodução de órgão de tubo e percussões, que o woofer para fora, além de encher mais, se alinham perfeitamente com o médio-grave, facilitando o posicionamento final das caixas (já com os spikes), que ficaram a 1,80 m da parede às costas delas, e 1,20m das paredes laterais, com um toe-in de apenas 15 graus para a posição ideal de audição.

Neste ângulo, o soundstage para obras sinfônicas e big bands se mostrou perfeito!

Foram dias de glória, como diria um grande amigo!

São aqueles momentos em que parece que tudo teve a conjunção perfeita, de equipamentos disponíveis, caixa à altura da eletrônica, e música para escolhermos a dedo!

A YB possui um equilíbrio tonal excelente e comedido! E gosto muito quando a caixa se comporta assim, pois permite entendermos a relação e o desejo do engenheiro de gravação ao não dar mais ênfase ao que não está explícito na partitura! Triângulos,
sinos, percussões, não irão ‘concorrer’ com os solistas ou com os cantores.

As texturas serão fidedignamente apresentadas, em toda sua paleta de cores, sem nos fazer perder em detalhes que desviam nossa atenção do todo.

O tempo e ritmo serão precisos, mas também concisos na maneira de nos seduzir e nos colocar dentro da melodia.

E a dinâmica é apresentada em toda sua variação de degraus, do pianíssimo ao fortíssimo, sem arroubos pirotécnicos ou fogos de artifício!

Para mim, depois de testar dois modelos deste fabricante, ficou claro que seu conceito é que a música flua sem artifícios, como ouvimos um instrumento nas mãos de um virtuose! Assim como o virtuose não precisa provar mais nada a ninguém, a Estelon não se prende à ideia de que para ser competitiva no mercado de caixas superlativas, necessite ser eloquente ou ‘reinventar’ a roda. Ao contrário, ela mais uma vez nos lembra da importância do ‘menos ser mais’. Ao fazer com que a música seja presente e não a caixa acústica.

Ouvi nos últimos 30 anos, e testei excelentes caixas, propostas e conceitos diversos e soluções muitas vezes audaciosas. Mas a Estelon se encaixa em uma categoria à parte, pois consegue aplicar conceitos e soluções em que claramente o resultado não apenas é mais preciso, como também é mais harmonioso e musicalmente encantador!

Não quero de maneira alguma dizer que assim seja o certo, ou que atenda as expectativas de todos audiófilos. Pois sei que cada um tem a sua ideia pessoal do que seja certo ou errado para ele. E sabemos que as escolhas vão muito além apenas da performance do produto (principalmente caixas acústicas).

Mas para aqueles que ainda hoje utilizam como referência para as suas escolhas, música ao vivo não amplificada, certamente ao ouvir atentamente uma caixa Estelon, notarão o quanto lembram as características de uma sala de concerto, sua ambiência, timbres, texturas, transientes, etc. E como seu cérebro consegue relaxar e ser enganado por essas caixas!

Essa característica ficou clara tanto na XB como agora na YB, sendo que a diferença está muito mais no grau de lapidação e refinamento do que em algum quesito de nossa Metodologia.

Claro que a XB consegue entregar um resultado ainda mais requintado em termos de nos colocar frente à música e aos músicos, mas fato é que essa diferença só se torna audível se o audiófilo tiver como ouvir ambas em seu sistema simultaneamente.

CONCLUSÃO

Para os nossos leitores, que necessitam de ver em detalhes a diferença entre as Estelon, sugiro se debruçarem nas notas dadas aos quesitos, e aí terão ideia das diferenças.

Mas, para os que estão apenas estudando a caixa definitiva que gostariam de colocar em seu sistema, o que posso dizer é que a Estelon YB MKII possui todas as virtudes inerentes à XB MKII, custando a metade do valor. E sabemos, nos dias de hoje, o quanto isso pesa no orçamento e na viabilização ou não de um upgrade.

E com mais uma vantagem: ser muito mais acessível e fácil de ajustar em salas menores do que a XB.

Quanto ao conceito, o mesmo DNA está presente, em todos os aspectos. Deixando a música fluir sem impor uma assinatura sônica, ou escolhendo estilos musicais para mostrar suas qualidades.

Claro que estamos falando de uma caixa que será exigente com a eletrônica e, no mínimo, precisará que o sistema também sinalize na direção da neutralidade. Com esses cuidados, não vejo como o audiófilo que se referencie pela música ao vivo não amplificada, não se renda a seus inúmeros encantos!


PONTOS POSITIVOS

Uma caixa Estado da Arte integral.

PONTOS NEGATIVOS

Preço, e exigência de uma eletrônica à altura.


ESPECIFICAÇÕES
TipoCaixa passiva selada de 3 vias
Drivers• Woofer: 8  polegadas, SEAS, cone de alumínio
• Mid-woofer: 5.8 polegadas, Scan-Speak, sliced cone ‘Revelator’ de papel
• Tweeter: 1 polegada, Scan-Speak, domo de berílio ‘Illuminator’
Fiação internaKubala-Sosna
Resposta de frequência30 – 40000Hz
Potência150 W
Impedância nominal6 Ohms
Sensibilidade86 dB / 2,83 V
Amplificação mínima30 W
Material do GabineteComposto com base em mármore
Dimensões (L x A x P)332 x 1260 x 394 mm
Peso
CAIXAS ACÚSTICAS ESTELON YB MKII
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 13,0
Textura 13,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 13,0
Total 99,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



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