Teste 1: AMPLIFICADOR INTEGRADO GOLD NOTE IS-1000

Teste 2: CAIXAS ACÚSTICAS ELIPSON LEGACY 3210
agosto 14, 2021
TOP 5 – AVMAG
agosto 14, 2021

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

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Lembro de, enquanto testava o pré de phono PH-10 da Gold Note (leia teste na edição 249), me perguntar como soariam os outros produtos desta empresa Italiana, já que o PH-10 havia sido uma grata surpresa, na performance, acabamento, possibilidades de ajustes para qualquer tipo de cápsula MM e MC, e sua proposta de oferecer fonte externa para aprimorar ainda mais suas virtudes sônicas.

Essa pergunta eu começo a responder somente agora, que um novo importador assumiu a distribuição, e de uma só levada nos enviou o integrado IS-1000, o pré de phono PH-1000, e o DAC DS-10 com fonte externa – e também o PH-10 com sua fonte externa, para eu poder ouvir as melhorias que lá atrás deixei em aberto.

Para o leitor que não conhece a marca italiana Gold Note, essa está localizada em Florença e foi fundada em 2012. Seu CEO,
Maurizio Aterini é um engenheiro mecânico com mais de 30 anos dedicados à fabricação de equipamentos de áudio para várias
empresas italianas, que resolveu criar sua própria empresa e escolheu à dedo seus 28 funcionários, para poder implantar sua filosofia de trabalho de buscar a excelência em todos os detalhes, sem que seus produtos de tornem inviáveis para grande parte dos audiófilos que não nasceram em ‘berço esplêndido’.

A Gold Note, com apenas uma década de vida, possui uma carteira de produtos impressionante, com: toca-discos, cápsulas, eletrônicos e caixas acústicas. Tudo produzido inteiramente na Itália, e contando com uma vasta rede de colaboradores artesãos para os belíssimos gabinetes de madeira de seus toca discos, e sofisticado maquinário CNC para os gabinetes de alumínio de seus equipamentos eletrônicos.

O amplificador integrado IS-1000, ao ser apresentado ao mercado no último trimestre de 2019, veio com a incumbência de colocar a Gold Note no patamar dos super integrados hi-end contemporâneos, com um surpreendente diferencial: o preço.

Estamos acostumados a separar os ‘super-integrados’ dos bons integrados existentes no mercado pelo preço – e nos ‘super’ ele é sempre muito acima de 15 mil dólares. No entanto, lá fora o IS-1000 custa entre 5 e 6 mil euros, dependendo do DAC interno, o que já o coloca em uma posição privilegiada frente à concorrência. E isso o levou a galgar rapidamente uma posição de destaque nas principais revistas especializadas.

Ao contrário da linha denominada 10 (PH-10 e DS-10), com gabinetes menores e compactos, a linha 1000 possui gabinetes maiores, para poder oferecer o arsenal de recursos debaixo de seu capô. Mas o design e os detalhes de construção estão presentes em ambas as séries, e o que mais chama atenção nos produtos da Gold Note é sua limpeza visual, que permite que o produto se destaque sem, no entanto, ser espalhafatoso.

Diria se tratar de uma beleza minimalista, com design moderno.

O fabricante informa que o IS-1000 tem uma potência de 125 Watts por canal em 8 ohms, um DAC interno com duas opções de chip conversor – sendo a versão de luxo (a que nós testamos) vem com Burr Brown PCM1796.

A Gold Note enfatiza que, com o IS-1000, o usuário tem um verdadeiro plug & play, e que basta adicionar um par de caixas, ligá-lo em sua rede Wi-Fi ou Ethernet, e já terá música a disposição, seja do Tidal, Qobuz, Spotify ou Deezer, tanto com Roon ou com seu próprio aplicativo, disponível para iOS e Android. Eu usei ambos os aplicativos: o da Gold Note e o Roon, mas devido a facilidade com o aplicativo da Gold Note, ouvi muito mais streaming via meu celular do que através do Roon.

Para os que possuem sua música armazenada em NAS ou pendrives, todos os arquivos DSD64 são convertidos para PCM de alta resolução pelo protocolo UPnP via USB e LAN. E para os que possuem um toca-discos, o IS-1000 possui um pré de phono baseado no PH-10, com opções tanto para cápsulas MM quanto MC. Ou seja, com este integrado o usuário tem um pacote completo de opções para desfrutar de sua música como bem entender.

E você, inquieto na cadeira, já deve estar se perguntando: ok, mas todos os fabricantes mais ‘antenados’ já oferecem este ‘pacote’, então o que este Gold Note tem de tão especial para ser chamado de super? Calma que já chegaremos lá!

O que o difere dos integrados ‘completos’ existentes é sua coerência em oferecer quase que o mesmo padrão de qualidade no DAC, no pré de phono e na amplificação, e todas essas opções terem uma excelente performance.

O objetivo da Gold Note, ao desenvolver este integrado, foi realmente alto, pois desde o primeiro esboço os engenheiros decidiram que ele teria que ser capaz de ter uma qualidade comparável à equipamentos de áudio dedicados separados – como DACs, streamers e phono.

Ser um streaming fácil de usar e de excelente qualidade.

Ter potência suficiente para acionar mesmo caixas mais difíceis e, com um diferencial interessante: duas opções de fator de
amortecimento, para caixas com menor ou maior sensibilidade (mais adiante falarei deste diferencial).

Ser uma fonte de entretenimento com conexões suficientes para aqueles que, como eu, não abriram mão de mídias físicas e, até mesmo, conexão para subwoofer e para TV, caso seja este o desejo do usuário.

Para atingir todos esses objetivos, os engenheiros da Gold Note tinham dois caminhos: usar as tecnologias de consumo que todos os receivers e sistemas de A/V utilizam, ou recorrer a soluções hi-end, sem fugir ao objetivo central: custo.

A opção de custo mais óbvia seria a implementação de uma topologia de amplificação classe D, algo impensável para os padrões de performance da Gold Note. Então, se recorreu a um design Mosfet de alta corrente, para ter a assinatura sônica de um típico classe A com a potência e dinâmica dos amplificadores classe AB.

Outra solução interessante, desenvolvida pela Gold Note e batizada de BOOSTER, é a possibilidade de ter opções no ajuste do fator de amortecimento para se adaptar a qualquer sensibilidade da caixa. Neste dispositivo o usuário escolhe entre as opções ‘off’, ‘low’ e ‘high’.

Já o projeto do pré de phono foi bem mais simples, pois eles se basearam no estágio existente do PH-10, simplificado, porém com a mesma performance desse pré de phono.

O maior desafio, certamente, foi o desenvolvimento da fonte de alimentação do IS-1000, em que os engenheiros optaram por um transformador toroidal de 600VA, com um núcleo de alto amortecimento com resinas especiais para o cancelamento de vibrações.
O DAC interno foi baseado no DS-10, mas com algumas ideias usadas exclusivamente para o integrado, como um super processador ARM Cortex M4 Core 32-bit, que verifica em tempo real todos os processos de uso, até a temperatura da placa para, caso seja preciso, acionar o resfriamento necessário.

Os capacitores, assim como os terminais de caixa e as entradas, são todos de qualidade premium, como nos melhores e hiper mais caros ‘super-integrados’. O painel frontal, como de todos os produtos deste fabricante, são limpos e minimalistas, como escrevi lá atrás.

Do lado direito do painel temos a tela colorida LED quadrada, que é controlada pelo botão à esquerda do painel. Este controle simples, objetivo e funcional permite que você utilize este integrado sem o uso do controle remoto, se assim você quiser. Basta pressionar por 5 segundos este botão, e o IS-1000 será ligado ou desligado. Quando ligado, você pode selecionar as entradas, volume, balanço e o tal do BOOSTER para acionar ou desligar o fator de amortecimento (alto ou baixo).

No painel traseiro temos: um par de entradas analógicas RCA e uma XLR. A entrada RCA para o phono, que terá que ser alterada no painel frontal para MM ou MC . Para cápsulas MM, o ganho é de 45 dB, e para as cápsulas MC é de 65 dB. Ainda no painel traseiro, há um par de saídas, uma fixa e uma de pré amplificador, variável, e as entradas digitais coaxial e USB-A (para pen-drive), rede Ethernet, e mais três entradas óticas. Além do cabo IEC de força, o botão de liga/desliga e a antena para Wi-Fi.

Para o teste, utilizamos os seguintes equipamentos. Caixas acústicas Wilson Audio Sasha DAW, Elipson Legacy 3010 (leia Teste 2 nesta edição), e Elac Debut Reference DFR 52. Cabos de caixa Virtual Reality Trançado, e Apex da Dynamique Audio. Toca-discos Origin Live Sovereign com braço Enterprise de 12 polegadas, e cápsulas Hana Umami Red, ZYX Bloon 3 e Ortofon 2M Red e Bronze. Fontes digitais transporte Nagra e music server Innuos MiniZen. Cabos digitais Sunrise Lab Quintessence Aniversário Coaxial, e Virtual Reality. Cabos analógicos Sunrise Lab Quintessence Aniversário (RCA e XLR) e Dynamique Audio Apex (XLR). Cabos de força: Sunrise Quintessence Aniversário, e Transparent PowerLink MM2.

O leitor que tiver o interesse de escutar o IS-1000, ouça um conselho: certifique-se se ele está amaciado. Pois caso não esteja, o ideal é pelo menos 100 horas iniciais para uma primeira audição. E não se esqueça que o amaciamento precisará ser feito com o Streamer, o DAC e com o pré de phono, sendo que os dois últimos necessitam pelo menos 120 horas de amaciamento.

Dentre as consultorias diárias, uma recorrente em grande escala é: “os integrados já podem substituir os módulos separados?”. Sim, meu amigo, basta uma olhada no top five e ver que os mais recentes integrados na lista dos cinco melhores, já ultrapassaram com folga a margem dos 95 pontos! O que falta é testarmos um integrado de 100 pontos ou mais. Mas pelo andar da carruagem, acho que esta barreira em breve será ultrapassada.

A questão agora, que se faz presente, é saber qual desses integrados que oferecem um ‘pacote’ completo terá, em todas as suas plataformas internas, coerência em performance e assinatura sônica.

Pois os que testamos até o momento, a amplificação é sempre superior ao DAC e streamer.

Será que no IS-1000 também é assim? Para termos essa resposta, depois de tudo devidamente amaciado, para fechar a nota, comparamos com nossas referências e, também, utilizamos o DS-10 e o PH-10, ambos sem fonte externa. Para tornar a comparação mais justa.

Lembre-se que a Gold Note, ao desenvolver este integrado, teve como objetivo fazê-lo o mais próximo possível de seus próprios módulos separados, mas com o comprometimento que, com o produto pronto, seu valor não seria a soma de todos os seus produtos separados.

Então, é de se supor que os módulos desenvolvidos para o integrado estejam abaixo da performance dos equipamentos separados, pois se fossem idênticos em termos de performance, o IS-1000 não poderia ter este valor de venda. Assim, nosso trabalho foi justamente saber o quão próximo o ‘pacote’ se aproximava dos seus respectivos equipamentos separados.

E descobrir essa resposta leva tempo, e dá muito mais trabalho, pois você passará dias ouvindo um, depois o outro para entender quem é que carrega os outros nas costas.

A primeira parte do teste consistiu em ouvir o integrado como amplificador! Para isso ele foi ligado ao nosso setup digital de Referência, e ouvimos ele desta forma, hora pela sua entrada XLR (cabos Apex e Quintessence), e os mesmos discos pela sua entrada RCA (Quintessence). Passamos todos os discos da metodologia e ficamos realmente impressionados com seu refinamento, autoridade e musicalidade!

É um estupendo integrado, que atende perfeitamente a todos que acham que estes ainda não estão no mesmo nível dos prés e power separados.

Um amigo me perguntou se viveria feliz com ele? A resposta foi sim! Principalmente se tivesse a necessidade de reduzir meu sistema ao mínimo possível, sem abrir mão da minha coleção física de música. Seu equilíbrio tonal é corretíssimo, e possui aquele ‘algo a mais’ que acho tão imprescindível em produtos Estado da Arte: naturalidade. Pois não adiantar termos agudos limpos e com excelente extensão, médios corretos com enorme inteligibilidade e graves com corpo, energia e precisão, se os timbres soam ainda parecendo reprodução eletrônica (como streamer e classe D, por exemplo).

Não, o Gold Note, já atravessou esta fronteira, e nos permite ouvir a música com o nosso cérebro relaxado e apenas se deleitando com a apresentação musical.

Sei que, para muitos de vocês, tudo isso parece ‘subjetivo’ demais para se compreender, mas acredite, no dia que você escutar um sistema em que a música flui organicamente, sem ‘resistência’, como quando sentamos em um espaço público e ouvimos um instrumento acústico de sopro ou de cordas ao nosso lado e percebemos nuances que nunca antes havíamos notado, você saberá a enorme diferença entre reprodução eletrônica ‘realista’ e uma reprodução eletrônica bem feita.

Um equipamento como este Gold Note, soa assim, sem artifícios de amplificação – principalmente quando ligado ao nosso setup de Referência digital e analógico.

Costumo traduzir essas reproduções como de equipamentos sem a ‘faca nos dentes’, que só mostra seu poder e autoridade quando a música realmente exige (estou falando da variação dinâmica da música). Caso não haja essas variações, a música flui com enorme leveza, apenas atenta ao tempo, andamento e intencionalidade. O problema é que muitos podem confundir uma reprodução assim como uma apresentação letárgica ou descompromissada. Sendo que para o nosso cérebro, soa justamente o oposto. E a única forma de compreender é ouvir e deixar seu cérebro interpretar, pois ele é muito bom em saber quando algo é próximo da música amplificada, ou não.

O soundstage do IS-1000 é excelente também, pois os planos são apresentados com precisão. Tanto em termos de foco e recorte, como na ambiência, podendo nos dar uma dimensão exata do palco em que a obra foi gravada. Ouvindo algumas gravações da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, feitas na Sala São Paulo, minha memória auditiva me trouxe de volta recordações do belo decaimento que a sala tem, e seu enorme respiro depois de fortíssimos seguidos de pausas.

Se você nunca foi à Sala São Paulo, meu amigo, não sabe o que está perdendo! Esqueça os que falam besteiras como ‘falta agudo’, ou ‘o som é baixo’. Essas pessoas não têm a menor noção do que estão dizendo. E provavelmente nunca pararam para pensar que a falta de agudo que acham pode ser um problema de perda de audição e não de problema na acústica da sala. E aos que dizem que o som é baixo, certamente suas referências de música ao vivo são apenas shows com mega amplificação de estourar os tímpanos!

Vá à Sala São Paulo apenas imbuído de aprender, de recalibrar sua audição, e ampliar suas referências auditivas. Se fizer isso regularmente, te garanto que em muito pouco tempo dezenas de fichas irão cair, e você irá repensar até a forma com que você escuta seu sistema e os volumes que utiliza para apreciar seus discos.

O IS-1000 é uma ferramenta precisa neste aspecto, pois o som flui com folga, espaços, silêncios reais, tempos e andamentos precisos. E em minutos seu cérebro passa a desfrutar a música sem sua cabeça estar vigilante como um cão de guarda que não relaxa nunca.
Eu vi, nestes anos todos, nos nossos eventos, a forma que os leitores apreciam os sistemas, e poucos – muito poucos – conseguem se abster de pensar como está o agudo, ou o grave, ou o palco sonoro, para fechar os olhos e apenas se soltar.

Como gostaria de ter apreciado audições tranquilas, silenciosas, sem falas paralelas, como se estivéssemos todos em um mosteiro ou assistindo a um concerto ao vivo.

Essa é a proposta do IS-1000, fazê-lo prestar integralmente a atenção na música, pois ele está despido de todos os artifícios, tão encantadores no primeiro momento, e tão decepcionantes no seguinte, quando sua mente começa a vagar e macaquear de um lado para o outro, querendo descobrir defeitos e virtudes.

Por isso que os audiófilos nunca estão contentes com o que alcançaram, querendo sempre ir a outro estágio sem ao menos ter o prazer de desfrutar o que já conquistaram. Felizmente, para os que desejam quebrar com este ciclo infinito de busca, é que existem equipamentos que estão trilhando o caminho inverso da pirotecnia e do exagero da transparência.

E o interessante é que muitos achavam que este poder sedutor só era possível com amplificadores valvulados, e o que temos atualmente é uma série de fabricantes de produtos estado sólido trilhando este caminho com grande êxito.

As texturas do IS-1000 são deslumbrantes por não quererem dourar a pílula, se atendo apenas a mostrar as diferenças de qualidade de captação, qualidade do instrumento e do músico, sem ‘explicitar’ e tornar enfático o que está ali, apenas para adicionar realismo e não se tornar o quesito principal do evento.

Falo isso pois muitos sistemas em que a transparência é a principal ‘qualidade’, as texturas muitas vezes se tornam ‘protagonistas’, e se o engenheiro de gravação foi infeliz na escolha do microfone, ou tentou corrigir o erro equalizando na mixagem, as texturas ganharam muito maior ênfase do que deveriam, ou precisam, e os que estão familiarizados com os timbres dos instrumentos, percebem imediatamente que aquilo não é o real.

Texturas são detalhes do todo, e não ao contrário.

Por isso este quesito me impressionou tão positivamente, pois o IS-1000 não tenta dar destaque às partes, focando sempre no todo, pois sabe que nosso cérebro é muito fácil de perder a concentração e se emaranhar em labirintos de intermináveis elucubrações.

O mesmo posso dizer da reprodução de transientes deste integrado. Essa é uma questão que merece um artigo de Opinião, algum dia. Pois, às vezes, ouço em determinados sistemas caixas de bateria com a esteira fechada (um excelente exemplo para transientes), que estão tão proeminentes que, além de nos fazer perder o todo, se tornam bastante desagradáveis. E isso ocorre geralmente por dois motivos: erro no equilíbrio tonal, com tendência a enfatizar a região média-alta, e um corpo harmônico pobre na região
médio-grave. Fazendo com que os transientes de caixas de bateria com a esteira aberta ou fechada, tornem-se protagonistas.

Sistemas assim irão expurgar 50% ou mais de nossos discos, pois muitas coisas mal gravadas ficarão inaudíveis. Então, é sempre importante que os transientes sejam reproduzidos com a maior fidelidade possível, e isso só ocorre quando os quesitos Equilíbrio Tonal e Corpo Harmônico estejam corretos. A não ser que seja uma obra inteiramente percussiva, e a intencionalidade do compositor seja a de tudo ser executado no fortíssimo, o detalhe nunca pode ser mais realçado que o todo.

Quando o audiófilo finalmente entende todas essas correlações entre cada um dos quesitos, ele poderá avaliar com muito mais segurança os pontos a serem trabalhados em seu setup, para chegar à harmonia necessária para desfrutar da música e não ficar o tempo todo apenas escutando a assinatura do seu sistema.

Isso me fez lembrar um show do João Bosco que assisti no teatro do Sesc da Vila Mariana, há muitos anos, em que ele era acompanhado apenas de um percussionista, e o cara sentava tanto a mão no bongô que o João Bosco parou o show e pediu para ele ser mais sutil. Eu estava na primeira fileira do teatro, mais próximo do percussionista do que do violão e voz do João Bosco, e desta posição ouvia muito mais o som direto vindo do palco do que do som amplificado. E a culpa não foi do percussionista, e sim do engenheiro de som, que acentuou de forma desagradável toda a região média-alta e os agudos, e o que criou a sensação de que o percussionista estava exagerando na dinâmica foi o canal de retorno de palco para o João Bosco. Eu vi a cara de espanto do percussionista e a tentativa dele diminuir a intensidade, sem grandes resultados. Depois da terceira ‘encarada’ do João Bosco, ele fez o que eu também faria: se afastou do microfone e o problema foi parcialmente resolvido.

Nosso sistema não tem um João Bosco para pedir que a apresentação dos transientes seja mais sutil. Portanto, nós precisamos estar atentos aos erros no equilíbrio tonal e corpo harmônico pobre.

Outra questão que observo com esta nova geração de eletrônicos, que não está com a ‘faca nos dentes’ o tempo todo, é que os que possuem sistemas ‘nervosos’ no primeiro momento acham que falta dinâmica a esses amplificadores. E as vezes demoram a entender que não é falta de dinâmica, e sim a arte de utilizá-la apenas quando for solicitada (na música é claro). Pois essa folga e ausência de fadiga auditiva, ele só tem em seu sistema naquelas gravações ‘audiófilas’ em que tudo é feito para nunca soar duro. Mas quando coloca música de verdade, quase tudo passa do ponto. Nesses casos, faço o seguinte: mostro aquelas gravações que ele adoraria ouvir em seu sistema, mas que o mesmo não toca. E quando ele percebe que não só toca bem, como não agride ou passa do ponto, a ficha finalmente irá cair.

O IS-1000, felizmente, é dessa nova escola de hi-end em que o equipamento não pode ser mais importante que a música. Então a macrodinâmica estará lá, perfeitamente executada, mas apenas quando estiver escrito na partitura. E quanto à micro, esta sempre será reproduzida em detalhes.

O corpo harmônico do IS-1000 é excelente, não devendo nada aos melhores prés e powers que se possa comprar Estado da Arte. E a organicidade, junto com o integrado da Nagra, é a melhor que já ouvimos. Os músicos estão lá à nossa frente, materializados, seja nas gravações excepcionais como nas bem feitas.

Em termos de amplificação, o IS-1000 é o segundo melhor integrado que testamos até o momento na revista, isso acredito que diga o quanto gostamos de sua performance.

E seu DAC, como se apresentou em comparação com o DS-10 (ainda em teste), sem a fonte externa? Foi uma grata surpresa, pois ainda que esteja abaixo do DS-10, sua coerência é magnífica. A Gold Note foi muito feliz na escolha do caminho traçado para este DAC interno, pois ele também segue a regra da amplificação, do todo ser mais importante que as partes. Fazendo-o soar, seja com o transporte Nagra ou o Innuos MiniZen, de forma muito coesa e equilibrada, com um conforto auditivo digno de um DAC realmente Estado da Arte. E, novamente, foi muito acima em termos de performance que os DACs testados em outros integrados.

E o seu streamer, comparado ao Innuos? Aqui meu amigo, tive a mais grata surpresa, pois as semelhanças foram muito maiores que as diferenças. O Innuos tem maior arejamento, melhor foco e recorte – mas isso com a fonte externa dele. Sem esta, são absurdamente semelhantes, tanto em termos de apresentação, como de assinatura sônica. Acho muito difícil que o audiófilo que compre este integrado se interesse por um streamer externo, pois não faz sentido algum este investimento, sendo que pode-se gastar em upgrades muito mais consistentes em volta deste integrado, que só irão ampliar o prazer de ouvi-lo.

E, por fim, fizemos o comparativo do pré de phono interno com o PH-10 sem a fonte externa.

E, novamente, mais uma surpresa: sonicamente são muito semelhantes. O que é mais evidente é que o pré interno não tem o arsenal de ajustes do PH-10, que é o faz ser tão interessante. Mas, para quem deseja um setup analógico de alto nível, em que a cápsula se adeque aos ajustes possíveis no IS-1000, o resultado será excelente! Tanto em MM como em MC.

Excelente silêncio de fundo, equilíbrio tonal de alto nível e uma imagem 3D do mesmo nível do PH-10, que é justamente um de seus maiores trunfos em relação à concorrência.

CONCLUSÃO

A Gold Note pode se orgulhar do IS-1000, pois tudo que prometeu entregar o fez em altíssimo nível. Não há nada que desabone ou seja um recurso de menor nível, ou que está ali por também estar no produto concorrente. Pelo contrário, tudo foi milimetricamente planejado, e o resultado é que temos um integrado que será inevitavelmente a referência para os que vierem depois.

Pois conseguir este grau de performance, acabamento, recursos e compatibilidade com o maior número possível de caixas hi-end existentes no mercado, com seu ajuste batizado de BOOSTER, é um grande feito.

Não consegui testar adequadamente este recurso, pois as três caixas que tinha no momento do teste eram ‘pêra doce’ para qualquer amplificador. Tanto que a maior parte do tempo deixei em off este recurso. E as poucas vezes que tentei ouvir, não notei diferenças importantes entre off, high ou low. Mas gostaria muito de ter em mãos uma caixa com sensibilidade abaixo de 85 dB, para ver como este recurso corrige o fator de amortecimento. Quem sabe no futuro eu consiga dizer a vocês o que ocorreu.

O IS-1000 é merecedor de todos os destaques e prêmios que já recebeu mundo afora. Pois pensar que um produto tenha tanto a oferecer custando o que ele custa, é digno de comemoração por muito tempo.

Para os que chegaram à conclusão que chegou o momento de simplificar o setup, sem abrir mão da performance, não ouvir o
IS-1000 será um erro imperdoável!

Para conseguir este nível de performance em produtos modulares, irá se gastar no mínimo o triplo! Este é o tipo de argumento que não
se pode descartar, principalmente com o dólar acima dos 5 reais!


PONTOS POSITIVOS

Um integrado Estado da Arte com um pacote de alto nível.

PONTOS NEGATIVOS

O preço.


ESPECIFICAÇÕES
Entradas digitais• 1x RCA coaxial
• 3x ótica
• 1x USB-A (DSD64 e PCM até 24bit/192kHz, pendrives FAT32/NTFS)
Entradas analógicas• 1x XLR
• 2x RCA (1 configurável para Phono MM/MC, ou AV-In)
Saídas analógicas• 1x RCA fixa
• 1x RCA variável
Fonte de alimentação100-120 V / 220-240 V, 50/60 Hz
Consumo• max 30W – 400W
• Standby <0,5W
Amplificador integrado• Classe A/B Mosfet de alta corrente
• 125W @ 8Ω por canal
Estágio de PhonoMM & MC desenvolvido à partir do PH-10
DACBurr Brown PCM1796 (opção do PCM1792A)
Distorção harmônica• 0,005% @5W
• 0,1% @ 0,1 a 50W (20Hz – 20 kHz)
Fator de amortecimento100
Relação sinal/ruído• >100 dB (entradas de linha e digitais)
• >80 dB Phono (MM)
BOOSTERAjustável em 3 níveis
DSDDSD64
Conectividade de redeLAN & Wi-Fi
Streaming de alta qualidadeRoon Ready, MQA, Airplay, vTuner, Tidal, Qobuz, Deezer, Spotify
Media Servers suportados• Minim Server
• Bubble UPnP
• All certified UPnP media servers
• Roon
Formatos de áudio digital suportadosAIFF, WAV, FLAC, WMA, WAX (Windows media audio metafiles), ASX, MPEG-4 (aac, m4a, Apple Lossless), MP3, DSD64.
Dimensões (L x A x P)430 x 135 x 375 mm
Peso18 kg (23 kg embalado)
AMPLIFICADOR INTEGRADO GOLD NOTE IS-1000 (COMO STREAMER)
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 10,0
Textura 11,0
Transientes 11,0
Dinâmica 10,0
Corpo Harmônico 10,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 11,0
Total 85,0
AMPLIFICADOR INTEGRADO GOLD NOTE IS-1000 (COMO PRÉ DE PHONO)
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 12,0
Textura 12,0
Transientes 10,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 11,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 12,0
Total 94,0
AMPLIFICADOR INTEGRADO GOLD NOTE IS-1000 (COMO DAC)
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 12,0
Textura 12,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 12,0
Total 95,0
AMPLIFICADOR INTEGRADO GOLD NOTE IS-1000 (COMO AMPLIFICADOR)
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 12,0
Textura 13,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 13,0
Total 98,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



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