Teste 2: AMPLIFICADOR INTEGRADO KRELL K-300i
julho 7, 2022
TOP 5 – AVMAG
julho 7, 2022

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Ouvir um DAC de referência e descrevê-lo para os leitores, é sempre uma tarefa que exige muita paciência e um certo didatismo, para não se cair na ‘vala’ comum de uma série de adjetivos ou jargões tão utilizados no meio audiófilo.

Sem contar que muitos que estão iniciando sua trajetória neste hobby, costumam ter inúmeras dúvidas e receio de estarem colocando os pés pelas mãos. É natural que assim seja, e todos passamos por momentos de muitas dúvidas e aquela sensação que querem nos fazer gastar mais do que realmente precisamos.

Tenho a impressão que caixas acústicas, DACs e amplificadores de fones de ouvido, são os produtos com mais testes, tanto nas mídias físicas como virtuais, e se formos levar em consideração tudo o que é falado ou escrito, provavelmente desistiremos desse hobby.

Eu acompanhava até recentemente dois youtubers especialistas em DACs, jovens ainda (acho que ambos nem chegaram ainda aos 30 anos), e que naquele entusiasmo ‘testosterônico’, afirmavam em seus vídeos que gastar mais que 2 mil dólares em DACs, era uma tremenda ‘roubada’. Sendo que um deles afirmava ser impossível ouvir diferenças entre DACs considerados de entrada e DACs de até 5 mil dólares!

O outro era um pouco mais comedido, mas de vez enquanto tinha seus arroubos em anunciar ser o DAC por ele escolhido o melhor que o dinheiro poderia comprar para qualquer setup!

Aquele que não escuta diferenças, continua fazendo seus vídeos feliz da vida e mantendo uma plateia fiel aos seus princípios. Já o segundo, viveu feliz com sua última descoberta (se não me engano um DAC de quase 3 mil dólares), até ouvir um DAC de nível superlativo, e fazer seu ‘mea culpa’ em um vídeo longo, em que ele descreve as diferenças ‘enormes e audíveis’ (palavras dele), entre sua referência e o DAC da dCS Bartok.

Eu já vi essa cena tantas vezes ao longo dos últimos 50 anos, que o máximo que faço nessas situações é sorrir e ficar feliz pelo fato do cara descobrir que não só as diferenças existem, como são audíveis, quando colocadas em um setup do mesmo nível de performance.
Como diria meu pai: “o problema do bom é o excelente”, sempre foi assim e sempre será!

Mas cada um pode achar o que bem quiser, e ninguém tem nada a ver com isso, porém quando me torno uma pessoa pública e compartilho minhas convicções, tudo muda de figura. Pois a desinformação, o equívoco e a falta de critério, pode fazer um estrago e tanto na cabeça dos que estão iniciando essa trajetória. E aí, meu amigo, desculpe, mas não existe perdão! Você é sim responsável por tudo que diz e escreve.

Todos (menos os objetivistas ortodoxos, claro), sabemos que o CD-Player foi lançado com uma série de limitações, que deveriam ter sido corrigidas antes dele ser apresentado ao mercado. E os audiófilos e melômanos foram justamente os que alertaram o mundo que existia algo de muito ‘torto’ com o CD. Seu equilíbrio tonal era inferior a um bom tape-deck hi-end, e ficava a léguas de distância do LP.

Lembro dos engenheiros tentando explicar a genialidade da relação sinal/ruído, ou sua praticidade e durabilidade, e que se calavam quando conseguiam ouvir como os discos platinados soavam duros nas altas, magro na região média-grave, e com um corpo harmônico ridículo!

Felizmente os fabricantes de equipamentos hi-end arregaçaram as mangas, e foram atrás dos problemas. E que baita problema meu amigo, pois era impossível resolver em uma só cartada as limitações mais audíveis. Passou-se a primeira década após o lançamento, tentando ‘amaciar’ aqueles agudos vitrificados e dar um pouco mais de naturalidade aos timbres.

Eu já estava na Audio News neste período, e pude observar que as melhores soluções vieram degrau a degrau, nada de saltos que pudesse dar um ânimo e afirmar que se poderia ‘consertar’ tamanho erro.

Aí o leitor, que comprou a ideia desde o primeiro instante, deve estar achando que estou, além de exagerando os defeitos, dramatizando algo para ele e para milhões que acharam fantástico ter mais de 60 minutos de música, sem ter que levantar da cadeira para ficar virando disco.

A indústria de consumo é muito inteligente ao desviar dos problemas, e mirar e bater na praticidade de suas novas conquistas tecnológicas (é só olhar o streamer, que vai além, ao oferecer milhões de gravações, com uma performance inferior ao CD, que é armazenado nas nuvens, sem lembrar o consumidor que em uma tempestade solar, tudo pode estar perdido). E daí? Quem se interessa por riscos, se tudo está indo de vento em popa?

Voltando ao disco platinado, as melhorias mais consistentes começaram a ocorrer finalmente na virada do século. Aí se deu um salto significativo e, hoje, posso afirmar sem correr nenhum risco, de que estamos no ápice dessa nova etapa do CD. E esse ‘grande salto’ ocorreu graças a empresas de ponta que não se curvaram aos enormes desafios iniciais de uma tecnologia semi acabada, lançada ao consumidor com pompas de ser ‘o grande salto na indústria fonográfica’.

E a MSB Technology está neste seleto grupo de empresas que mostrou ser possível aprimorar e corrigir as limitações iniciais. Sugiro que os leitores releiam o teste do MSB Select (edição 252), pois lá existem informações que ajudam a entender o quanto o modelo Reference ‘herdou’ do top de linha, e o quanto ele se aproxima em termos de performance, com a vantagem de custar bem menos.

A MSB possui uma política de fidelidade muito importante, permitindo atualizações constantes à medida que elas sejam colocadas à disposição do mercado. Seus produtos são primorosamente construídos e passam a impressão que foram feitos para durar um século!

E a MSB, ao lançar o Reference DAC, o tornou totalmente compatível com todos os módulos Select DAC, permitindo oferecer ao usuário módulos universais, assim como a atualização do software. Pois empresas de ponta sabem que o áudio digital continua avançando e topologias podem ficar rapidamente obsoletas.

O Reference está equipado com a mais recente tecnologia Hybrid DAC da MSB, e a grande diferença (inclusive para se baratear custos) entre o Select e o Reference é que, ao contrário do design de oito módulos, o Reference utiliza quatro módulos. Essa topologia híbrida permite reconfigurar o módulo para acomodar tanto PCM como DSD nativo.

O que mais gostei, além do design de ambos MSB, foi o display de fácil leitura, mesmo a distâncias superiores a 4m (meu caso), o display é montado no próprio gabinete CNC e separado do DAC, para total isolamento elétrico e evitar qualquer tipo de interferência (parece um detalhe extremo, mas que certamente foi pensado para aprimorar ainda mais sua performance final).

Outro detalhe importante está na fonte de alimentação limpa. Com um design estudado, o Reference tem uma fonte para o DAC e outra totalmente isolada para toda a parte analógica. E a MSB permite que se faça um importante upgrade em termos de performance, utilizando uma segunda fonte para o modo Mono Power base, para um ruído elétrico ainda mais baixo.

Todos os módulos MSB foram projetados para sofrerem upgrades caso o usuário deseje, e com isso os módulos de entrada e saída são todos substituíveis pelo consumidor.

Talvez o módulo de que mais a MSB se orgulha, seja o módulo de saída que oferece um pré amplificador com controle de volume passivo, de impedância constante, de ponta.

A MSB possui em sua linha DACs, transporte, dois powers (um estéreo e um monobloco), e não possui em seu portfólio nenhum pré de linha, pois ela recomenda justamente se usar esse módulo base diretamente ligado a seus powers (assim que foram apresentados tanto na feira Axpona como na de Munique).

Esse módulo que substitui o pré de linha é ajustado individualmente para maior equilíbrio tonal. Mas, além desse pré de linha, é possível através de novos módulos colocar entradas analógicas adicionais, saídas secundárias isoladas e saídas analógicas extras.

O gabinete, assim como o do Select, é uma placa de alumínio ‘Kaiser Select Precision Plate’ usinada na própria oficina da MSB em máquina CNC. Todo o processo leva mais de quatro horas de usinagem, com 60% do alumínio removido. O belo acabamento é anodizado em prata ou preto fosco. E os pés também são usinados na própria MSB.

O modelo enviado para teste veio com o módulo Base, o que permitiu ouvir o Reference como pré de linha, ligado tanto aos
monoblocos Nagra HD, como aos Classics. O transporte utilizado foi o da Nagra, e o streamer o Innuos ZENmini Mk3. O cabo de força foi o PowerLink MM2 da Transparent e o Kubala Sosna Realization. Cabo digital coaxial Absolute Dream da Crystal Cables, e USB Kubala Sosna Realization e Sunrise Labs Anniversary. A caixa utilizada para o fechamento da nota foi a Estelon X Diamond MkII.

Como o teste do Select foi feito com um sistema totalmente diferente, eu apenas busquei minhas anotações mais pessoais – quando ainda não estou fechando a nota de nem um quesito e sim apenas apreciando o produto antes das considerações finais.

Posso garantir que o ‘DNA’ é o mesmo do Select, com aquela enorme sensação de conforto auditivo, que o digital sempre ‘clamou’ e que agora finalmente existe!

Os leitores curiosos sempre me pedem para explicar o que exatamente ouviremos em um setup superlativo ou em um componente desse naipe. Muitos têm uma mente ‘fértil’ (rs), e imaginam um verdadeiro show de pirotecnia em sua sala de audição. Para esses, sinto dizer que nada do que não esteja na gravação irá aparecer. E muito menos haverão ‘colorações’ que deixem o som mais quente ou ‘ao gosto’ do freguês. O caminho é outro, a viagem é muito mais insinuosa e o resultado é integralmente de qualidade, e não de quantidade.

Sem entender essa diferença entre qualitativo e quantitativo, que muitos não compreendem a beleza que existe entre um bom sistema totalmente ajustado e um excelente, e julga ser apenas marketing para se vender o mais caro.

O que digo a todos os leitores é para não perderem essa oportunidade, e se assegurem que o setup esteja realmente à altura do prometido, e ouçam seus discos (por mais que os apresentados sejam artística e tecnicamente de bom nível). Pois para podermos perceber diferenças, temos que ouvir gravações que conhecemos bem e apreciamos muito!

O primeiro impacto será percebido como uma primeira onda, que eu chamo da organização do palco entre as caixas. Tanto em termos de recorte, foco, planos e silêncio em volta de cada solista. Em DACs como o Reference da MSB, o grau de organização e apresentação é tão minuciosamente detalhado, que paramos de buscar o que está no fundo do palco ou que está dobrado em uníssono com algum outro instrumento. Tudo se apresenta com tamanha materialização à nossa frente, que paramos de ouvir partes para desfrutar somente do todo.

Essa primeira onda é inebriante, pois permite que seu cérebro relaxe e se prepare para a segunda onda, que é justamente esquecer de se ater à reprodução das frequências (como está o agudo? Como se comporta o médio? Os graves estão corretos?), simplesmente o que se ouve é o que o engenheiro captou, gravou, mixou e masterizou.

Aí ocorre o fenômeno que falo tanto nos nossos cursos, das memórias de longo prazo armazenadas em nosso hipocampo, que voltam à nossa mente, nos mostrando como aquele instrumento que estamos ouvindo reproduzido eletronicamente soa ao vivo, sem amplificação. E no Reference, o equilíbrio tonal nas gravações que se teve o cuidado de não equalizar ou comprimir, soam com esse graus de naturalidade e ‘espontaneidade’.

Sim, meu amigo, o som brota do silêncio com uma precisão não-mecânica. Sabe quando estamos em uma sala de concerto, ouvimos as primeiras notas e buscamos saber de onde estão vindo ou que instrumento está tocando? O MSB soa assim, com esse grau de leveza sem perder a autoridade, com precisão sem deixar de ser confortável.

Todos que tiverem a oportunidade de ouvir em um setup superlativo essas duas primeiras ondas, estarão em condições de experimentar a terceira onda – a da intencionalidade – que só sistemas ultra afinados conseguem reproduzir.

Texturas que nos fazem reconhecer a qualidade do instrumento e a técnica do instrumentista. E, claro, a escolha do engenheiro no microfone utilizado.

Tente, em um bom sistema bem ajustado, observar essas informações e perceberá que se torna muito mais difícil (leia o exemplo que dei no playlist de junho, ao ouvir os 12 violinos Stradivarius no streamer e no CD). É preciso um DAC superlativo para se escutar esses detalhes.

Agora, só você pode dizer se este é o nível de qualidade que busca, ou se suas expectativas são menores. Mas, não julgue quem busca esse nível de refinamento, nem tão pouco faça chacota ou duvide que existe esse grau de reprodução sonora. Muitas vezes buscamos respostas para nossas sensações nos lugares errados.

Cansei de ouvir, nos corredores do Hi-End Show, leitores me pegando pelo braço e contando de sua experiência em determinada sala em que ao ouvir determinada música, a vontade era de sair dançando e outras, ao ouvir a mesma faixa, não havia essa vontade. Bem-vindo à resposta de transientes corretos!

O MSB Reference é deste time, em que os transientes o farão bater os pés (se for um sujeito mais tímido como eu) ou sair dançando, como se estivesse em um show ao vivo, expondo toda a adrenalina contida. Nada soará letárgico ou desinteressante no MSB Reference.

Eu fiquei impressionado com a dinâmica do Select, e o mesmo voltou a ocorrer com o Reference. Ligado ao Nagra HD (ligado direto neles ou passando pelo Pré Nagra Classic), os crescendos são de nos tirar o fôlego. E a micro é tão presente, que nada que estiver no disco deixará de ser ouvido! Mas, como digo, trata-se da transparência na medida certa, e nunca caindo para o analítico.

Quanto ao corpo harmônico, gostaria de ter em mãos um player EAD dos anos 90, ou um Wadia ou mesmo um Mark Levinson, e ouvir nossas referências para este quesito, para mostrar a todos o quanto os DACs evoluíram nesses 30 anos! Felizmente, chegamos lá! Se isso ainda está algo aquém do analógico, essa diferença agora é totalmente aceitável.

E chegamos a um dos quesitos mais ‘adorados’ pelos leitores, junto com o soundstage: organicidade. Um amigo, ouvindo o disco Pure Ella, entre a primeira faixa e a segunda, exclamou: “Consigo ver até a técnica vocal da Ella para, nos crescendos, não clipar a tomada”.

Essa é a sétima onda, meu amigo, de um sistema ou componente superlativo: já não é mais materializar o acontecimento musical à nossa frente, é ‘ver’ o que ouvimos com todas as suas nuances, desde o distanciamento do microfone, ou até pendular em frente a ele. Aqui o MSB Reference não ficou devendo em nada ao Select.

CONCLUSÃO

Não me culpem por existir equipamentos superlativos, meu papel é apenas avaliar e compartilhar com aqueles que se interessam em saber em que estágio evolutivo os DACs do século 21 se encontram.

E se o leitor achar que não vale a pena ler aquilo que não pode ter, entendo perfeitamente.

Mas, independente de lermos ou não, ouvirmos ou não, eles existem e são um marco na indústria de ponta, e para se alcançar este desempenho foram anos e anos de desenvolvimento e aprimoramento.

Eu também não posso ter 90% do que testo, mas minha vontade de conhecer, independente disso, sempre foi muito maior. Sinto prazer, e não raiva. Pois essas ‘preciosidades’ me forçam a buscar extrair o melhor possível dentro de minhas limitações financeiras. E isso faço desde que abracei essa profissão de editor/revisor. E tento explicar (dentro de minhas limitações, claro), tudo que observei de cada produto testado.

O MSB, ainda que seja para poucos, pode – aos que desejarem esse grau de performance – prover um produto que não irá se tornar obsoleto, e com suas atualizações certamente poderá ser o DAC definitivo de qualquer audiófilo que consiga galgar esse último degrau.

Se é o seu caso, peça uma audição – a chance de você ser banhado pelas suas ondas é enorme!


PONTOS POSITIVOS

Um DAC primoroso em todos os detalhes.

PONTOS NEGATIVOS

A indisponibilidade do vil metal.


ESPECIFICAÇÕES – DAC MSB REFERENCE

Formatos suportados• 44.1kHz à 3,072kHz PCM Até 32-bits
• 1x DSD, 2x DSD, 4x DSD, 8x DSD (DSD via DoP em todas entradas)
Entradas Digitais4x módulos de entrada isolados
Entradas analógicas XLR• 100 kΩ Balanceadas
12 Vrms máximo (Isoladas quando não estão selecionadas)
Saídas analógicas XLR• 3.57 Vrms máximo (entrada digital)
• 12 Vrms máximo (entrada analógica)
• 150Ω Balanceada (Galvanicamente isoladas)
Módulo de controle de volume de saídaAtenuador analógico puramente passivo com impedância constante (em passos de 1dB)
Alcance dinâmico (20Hz a 20kHz)• 143 dBFS
• 145 dBAFS
DisplayLED com ajuste de brilho e recurso de auto-desligamento
Controles• RS-232 (isolado)
• Remoto IR
• 4 botões
Dimensões (L x A x P)444 x 79 x 444 mm
Peso11 kg
Pés do produtoRosca M6X1
Dimensões embalado (L x A x P)635 x 254 x 625 mm
Peso embalado24 kg

ESPECIFICAÇÕES – FONTE POWERBASE

Voltagem AC100 V (fixo) ou 120/240 V (automático)
Consumo• 90 Watts (configuração completa)
• < 2 Watts (standby)
Dimensões (L x A x P)444 x 79 x 444 mm
Peso20 kg
Pés do produtoRosca M6X1 Thread
Dimensões embalado (L x A x P)625 x 254 x 625 mm
Peso embalado29 kg
DAC REFERENCE DA MSB TECHNOLOGY
Equilíbrio Tonal 14,0
Soundstage 13,0
Textura 13,0
Transientes 13,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 14,0
Total 105,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADO DA ARTE SUPERLATIVO



German Audio
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(+1) 619 2436615
US$ 86.900

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